Guerra na Ucrânia entrou “numa fase perigosa” com as armas nucleares, diz chefe da diplomacia da UE

“A guerra entrou numa nova fase, uma fase que é sem dúvida perigosa porque estamos perante um cenário assustador, ao qual não devemos fechar os olhos”, assinalou Josep Borrell.

Guerra na Ucrânia entrou “numa fase perigosa” com as armas nucleares, diz chefe da diplomacia da UE

O chefe da diplomacia da União Europeia (UE) considerou, esta quarta-feira, que a guerra na Ucrânia entrou “numa fase perigosa” devido ao “cenário assustador” desencadeado pelas armas nucleares da Rússia.

"A guerra continua e as notícias do campo de batalha são boas para a Ucrânia. A Ucrânia está a voltar à ofensiva, [mas] a guerra entrou numa nova fase, uma fase que é sem dúvida perigosa porque estamos perante um cenário assustador, ao qual não devemos fechar os olhos", assinalou Josep Borrell.

A afirmação do alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de segurança surgiu durante um debate na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, onde referiu o atual estado da guerra como um cenário com potencial nuclear, “que está atualmente a recuar no cenário convencional e que ameaça utilizar armas nucleares”.

"É certamente um cenário preocupante, no qual temos de mostrar que o nosso apoio à Ucrânia não está a vacilar", sublinhou.

Embora aponte que a “Ucrânia está a avançar em três frentes, no Donbass, […], no centro sul de Zaporijia, avançando para Mariupol, e finalmente em Kherson", o chefe da diplomacia comunitária reconheceu que a Rússia "ainda tem a superioridade numérica, a superioridade do poder de fogo", o que se traduz numa necessidade de cautela acrescida.

Note-se que nos últimos dias foram registados ataques russos contra pela zona da central nuclear de Zaporijia, no sul da Ucrânia, a maior da Europa, depois de o Presidente russo ter anunciado uma mobilização parcial de 300 mil reservistas russos.

"A situação do exército russo é muito má. Entre outras coisas, porque os soldados russos não sabem para que serve a guerra e os 300 mil que serão levados das suas casas para a frente de batalha compreenderão ainda menos, pelo que a guerra pode ser ganha no campo de batalha, mas deve ser ganha sobretudo no campo das ideias. Além da guerra em si, há outra guerra, que é a guerra pela supremacia dos valores", realçou ainda Josep Borrell.

O chefe da diplomacia comunitária também frisou que Vladimir Putin espera pelo frio para fazer “cortes no fornecimento de gás” e pelos “preços elevados e temperaturas baixas para minar a vontade europeia de continuar a apoiar a Ucrânia”, uma vez que a União Europeia vai sentir grandes ruturas no abastecimento.

"Este é o lugar para pedir aos europeus que compreendam o que está em jogo porque o nosso apoio à Ucrânia não é apenas uma questão de generosidade, o nosso apoio à Ucrânia deve ser infalível porque a segurança da Ucrânia está intrinsecamente ligada à nossa própria segurança", adiantou.