FMI vê défice a cair de 1,9% este ano para 1,4% no próximo

E avança que Portugal não enfrenta risco de crise rollover. 

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que Portugal feche este ano com um défice de 1,9% do produto interno bruto (PIB), em linha com o que disse o Governo, esperando uma redução no próximo ano para 1,4%. Os dados constam no relatório Monitor Orçamental, divulgado ontem, cujo horizonte se estende até ao ano de 2027, altura em que prevê um défice orçamental de 1,2%.

O fundo liderado por Kristalina Giorgieva está mais otimista do que estava no mês de junho sobre o rácio da dívida pública face ao PIB, e prevê uma diminuição de 127,4% em 2021 para 114,7%, valor que está ligeiramente abaixo dos 115% previstos pelo Governo. No entanto, as previsões são mais pessimistas para o próximo ano, altura em que estima que o peso da dívida seja de 111,2% do PIB, o que é superior ao objetivo de 110,8% do Executivo.

Já em 2027, espera que o rácio seja de 97%.

O FMI deixa ainda o alerta de que os países devem estar preparados em termos orçamentais para não entrarem numa crise de rollover – estender um contrato financeiro, além da data de validade inicialmente fixado – da dívida. Mas há boas notícias para Portugal uma vez o Fundo não acredita que o nosso país corra esse risco. Em entrevista à Lusa, Paolo Mauro, subdiretor do Departamento dos Assuntos Orçamentais do Fundo Monetário Internacional (FMI), admite que a subida das taxas de juro é um “desafio” para os países, pelo que é preciso cautela. “Com o tempo, o custo dos empréstimos para os governos sobe e por isso é importante que estejam bem preparados para não entrarem, por exemplo, numa crise de rollover, em que tenham dificuldade em colocar títulos no próximo leilão. Pessoalmente, não acho que Portugal esteja nessa fase neste momento”, disse, acrescentando que, na Europa este cenário “historicamente tem sido associado ao aumento das taxas de juros e certamente em mercados emergentes”, alertando para a necessidade de os países controlarem o défice.

E acrescentou: “Se os governos entrarem numa uma crise de dívida, terão de cortar de repente, o que é ainda pior do que fazê-lo gradualmente. Portanto, o nosso conselho daqui para frente é – especialmente porque vemos que é provável que os custos dos empréstimos subam – ações para reduzir o défice de forma gradual ao longo do tempo são o que é necessário”, assinala.

O responsável avisou ainda que as decisões de política orçamental não devem contrariar as de política monetária, para permitir reduzir a inflação. E defendeu também que transferências de dinheiro às famílias vulneráveis são muito “apropriadas”.