Inês, de apenas 17 anos, sofre de leucemia terminal: vamos ajudá-la a ter 40 mil seguidores?

‘Nini’, como é carinhosamente tratada pelos familiares e amigos, poderá perder a vida nos próximos meses. No entanto, continua a lutar, a enfrentar a morte diariamente com coragem e a sonhar como qualquer outra adolescente.

Poderia continuar a vibrar com cada conquista do Futebol Clube do Porto. Poderia ir para a universidade ou seguir outro rumo. Poderia viver em Portugal ou emigrar. Poderia ter filhos, casar, ser solteira ou simplesmente tomar as decisões que a fizessem mais feliz. Poderia ser uma jovem adulta, adulta, idosa… Poderia tudo, mas a leucemia terminal, todos os dias, insiste em dizer-lhe que não sobra tempo para nada. Por isso, Inês Abranches Pinto, conhecida por 'Nini', tem um último desejo: alcançar 40 mil seguidores nas redes sociais Instagram e TikTok para que quem a siga acompanhe aqueles que, infelizmente, poderão ser os seus dias finais, pois a equipa médica que a segue duvida que sobreviva até ao final deste ano.

Mas Nini não quer pensar nisso. Afinal, ainda tem tanto por viver e fazer. Não é que não trate a morte por 'tu' e não a encare com seriedade e resiliência, mas luta contra ela e quer que a vida se sobreponha à mesma. Por esse motivo, em casa ou no hospital, bem, mais ou menos ou mal, faça chuva ou sol, a rapariga esforça-se por criar conteúdo apelativo e que transmita a quem a segue como se pode ter uma vida feliz apesar de todas as adversidades. No Instagram, atualmente, na conta @am0rr3rcomigo, conta com 17 mil e 700 seguidores, enquanto no TikTok – @amorrercomigo – já chegou aos 35 mil e 500 e expressa que deseja obter, pelo menos, 50 mil.

"Eu agora começo a aperceber-me de que não vou trabalhar nem ter filhos como eu gostava, mas a minha vida está completa. Sinto-me realizada, sinto que fiz tudo o que podia fazer, tive a minha missão – que está cumprida -, fui feliz, tive a sorte de nascer em Portugal – neste país maravilhoso -, e nesta família – é maravilhosa, sempre me apoiou. Por isso, agradeço muito e sinto-me mesmo realizada", diz Nini num dos vídeos publicados, frisando que não se arrepende de nada daquilo que fez no seu curto percurso.

"Estou em casa a ter cuidados paliativos. Quando uma pessoa está com uma doença terminal, como é o meu caso, e os médicos dizem que não há cura, então a pessoa vai para casa, deixa de ter tratamento para essa doença e trata só a dor. Tomo medicamentos para prevenir infeções, dores e enjoos. Isto traz felicidade ao doente que, em vez de morrer no hospital, morre feliz em casa a cumprir os seus desejos e com a sua família", explica noutro, respondendo sempre ao máximo de perguntas que lhe são enviadas e asseverando que quer continuar a frequentar a escola e ter aulas para aprender cada vez mais.

"Foi mais um caso que me emocionou bastante: primeiro, porque todos os desejos da Inês são sonhos a partir do momento em que já sofreu tanto na vida. Decidi começar a contactar artistas, já os considero amigos e amigas, porque alguns estão mesmo lá para mim, para a situação independentemente da causa", declara Francisca de Magalhães Barros ao Nascer do SOL, a pessoa a quem Nini mais está agradecida pelo auxílio prestado desde que decidiu tornar a sua jornada pública e brindar com um sorriso e esperança quem se importa com ela pessoal e/ou virtualmente.

"Então disse: 'Vou dar este sonho à Inês como darei outro se conseguir. E comecei, falei com o Nuno Markl, a Tânia Ribas de Oliveira, a Marisa Liz, o Diogo Calado… A Inês vai chegar ao seu objetivo!", garante a ativista dos direitos humanos. "Li a reportagem assinada pela jornalista Ana Tulha e jamais iria deixar a Inês ficar mal. Já agora, vamos até aos 40 mil seguidores ou até mais, não custa assim tanto!", pede, especialmente, aos portugueses, sendo que foi diagnosticada, aquando do nascimento, uma doença genética rara, neurofibromatose, a Nini. Iniciou sessões de quimioterapia e ficou com um tumor ocular devido à patologia de que padecia. Portanto, sem a visão num dos olhos.

Entre 2007 e 2020, Nini viveu tranquilamente, mas em 2020 o pesadelo regressou: desta vez, em forma de leucemia mieloblástica aguda, uma das mais graves. Segundo a Associação Portuguesa Contra a Leucemia (APCL), esta "é uma doença maligna do sangue devida à produção excessiva de células imaturas da linhagem mieloide, ou mieloblastos, que não chegam a células maduras, capazes de combater as infecções". "Estas células multiplicam-se rápidamente e preenchem a medula óssea impedindo a produção de células normais, causando anemia, diminuição dos globulos brancos e das plaquetas", acrescenta no seu site oficial, adicionando que "os blastos podem passar para o sangue periférico e, ocasionalmente, infiltrar outros orgãos".

De acordo com a APCL, a doença de Nini constitui cerca de 0,8% de todas as neoplasias e a sua incidência nas crianças é de 2-3/100.000 habitantes/ ano e nos mais idosos de 15/100.000/ano. A associação deixa claro ainda que é "ligeiramente mais frequente no sexo masculino" e dá a conhecer que "em Portugal surgem cerca de 190 novos casos por ano".