Suspeito de planear ataque na Universidade de Lisboa afirma que comprou armas no “OLX e numa loja de caça”

Jovem afirmou que não teria coragem para matar uma pessoa. 

João Carreira, suspeito de ter planeado um ataque à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, está esta terça-feira a ser ouvido na sua primeira sessão de julgamento, onde admitiu que tinha vontade de "atirar cocktails molotov, setas e esfaquear pessoas", mas que não teria "coragem para matar uma pessoa".

De acordo com a agência Lusa, o jovem de 19 anos está a relatar "num tom monocórdico e inexpressivo" aquilo que foi a preparação do ataque. Antes do dia 11 de fevereiro, data escolhida para o ataque e quando acabou de detido, João já tinha apontado para quatro outras datas, nomeadamente num dia de exames, numa sala com cadeiras agarradas ao chão, para que não pudessem ser arremessadas na altura do ataque. 

Questionado pelos juízes sobre o porquê de não ter avançado com os ataques nas datas previamente estipuladas, o estudante afirmou que acha que "não queria fazer aquilo realmente".

"Acho que não tinha coragem para matar uma pessoa", disse.

Relativamente às armas encontradas em sua casa, João avançou que as comprou no OLX, nomeadamente uma besta e uma faca militar, e numa loja de caça comprou um punhal. 

O jovem pretendia "matar pelo menos três pessoas", uma vez que esse é o número mínimo, para a comunidade de fascinados por assassínios em massa, para que o ataque possa ser considerado um destes homicídios.

João Carreira explicou ainda que não prentendia "atingir ninguém em especial", mas sim "ir para o auditório e atirar cocktails molotov, atirar setas, esfaquear pessoas", devido à "depressão" que sentia e ao facto de "estar em Lisboa e querer a atenção das pessoas da comunidade".

Declarações do advogado

Antes das declarações do jovem, o advogado, Jorge Pracana, revelou aos jornalistas que João Carreira continuava "internado na ala psiquiátrica, uma medida decorrente do próprio processo e das normas que o Ministério Público (MP) estabeleceu". 

O profissional pediu que o julgamento fosse feito à porta fechada, uma vez que o jovem tem apenas 19 anos. 

"Tem uma vida pela frente, independentemente daquilo que fez ou não fez e isso vai ser apurado, nós devemos dar-lhe uma oportunidade […]. Não o devemos marcar com um carimbo disto ou daquilo para toda a vida", acrescentou o advogado de Defesa. Contudo, tal não aconteceu e o julgamento está a decorrer à porta aberta. 

Em relação à inocência do seu cliente, Jorge Pracana afirmou que "a vida não é feita nem de branco, nem de preto" e que "às vezes há aquelas zonas cinzentas e a verdade está no meio".