Ativista afegã acusa a comunidade internacional de apoiar o regime talibã

Zarifa Ghafari está em Portugal onde recebeu o prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, pelo seu contributo na luta pela igualdade de género, pela defesa dos direitos à educação e a procura por uma democracia representativa.

Zarifa Ghafari, ex-presidente da câmara de Maidan Shahr no Afeganistão, apela à comunidade internacional que pare de “fazer jogos com o país ao apoiar atividades terroristas. O Estado Islâmico está ativo no país porque os talibãs estão no poder, graças à comunidade internacional. A mesma comunidade internacional que apoia o Estado Islâmico. Porque se não é a comunidade internacional, onde é que eles conseguem as armas? Onde vão buscar dinheiro?", acrescentou em entrevista à Lusa.

A ativista afegã está em Portugal onde recebeu o prémio Norte-Sul do Conselho da Europa, pelo seu contributo na luta pela igualdade de género, pela defesa dos direitos à educação e a procura por uma democracia representativa.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, referiu que “nunca esqueceremos a sua paixão, a sua capacidade de se recriar todos os dias ao serviço da luta pelas mulheres e seus direitos. Acompanharemos a muita vida e muitas obras no que tem por diante".

Já em abril, em declaração à CNN, Zarifa afirmara: “Os talibãs não vão conseguir eliminar-nos”, visto que, “já não estamos nos anos 90… e agora vão ter que aceitar as mulheres, pois não têm outra escolha”.

Recorde-se que em 2018, com apenas 24 anos de idade, Zarifa Ghafari mentiu, ao afirmar que tinha 26 anos para conseguir candidatar-se a presidente de câmara. Começou o seu mandato em novembro de 2019, quase um ano após a sua eleição, graças aos protestos locais na cidade conservadora de Maidan Shahr.

Durante os dois anos e meio que governou, a ativista diz que foi assediada regularmente, intimidada e que os protestos masculinos diante do seu escritório eram comuns.

No verão de 2021 a ex-autarca, não teve escolha a não ser fugir do país, depois inúmeras tentativas de assassinato e de ter sido espancada por forças talibãs na sua própria casa.