Centeno. Crescimento em 2023 é “desafio muito significativo”

Governador do Banco de Portugal disse que “o crescimento económico vai desacelerar de forma muito significativa”, num debate sobre o OE.

O governador do Banco de Portugal (BdP) alertou esta quarta-feira que o crescimento da atividade económica em 2023 será “um desafio muito significativo”, disse num debate sobre o Orçamento do Estado para 2023, organizado pelo Fórum para a Competitividade na AESE Business School. “Tivemos um crescimento muito significativo no primeiro trimestre de 2022 e, desde então, o nosso crescimento em cadeia diminuiu de forma significativa, aproximando-se de valores próximos de 0 a partir do segundo trimestre. Isso significa um desafio muito significativo para 2023”, explicou Mário Centeno. O ex-ministro das Finanças lembra que, este ano, Portugal tem estado a beneficiar de um efeito de arrastamento “muito significativo, sobretudo no primeiro trimestre e que não se irá aplicar em 2023.

Centeno defendeu ainda que a proposta orçamental prevê que Portugal seja o país com o menor défice da zona euro em 2023. “O Orçamento do Estado [para 2023]  é o que apresenta o défice mais baixo [no próximo ano] no conjunto dos países do euro. É uma absoluta novidade face às décadas que tivemos em Portugal”, disse, acrescentando que “o Orçamento com que estamos confrontados para um ano em que o crescimento económico vai desacelerar de forma muito significativa. É um Orçamento para um ano em que Europa vai ser confrontada com consequências externas de um conjunto de decisões à qual é alheia”.

O governador do Banco de Portugal alertou também para as possíveis pressões nos preços associadas a uma subida das margens dos lucros das empresas. E, por isso, apelou a uma coordenação para diminuir a inflação. E acrescentou que “da mesma forma que aumentos salariais se transmitem para os preços, as margens das empresas estão elas próprias amplamente refletidas nos preços”. E avançou: “se existir pressão sobre os preços vinda dos salários ou das margens de lucro, não é a politica monetária que determina o preço dos mercados”.

“Era importante que nos conseguíssemos coordenar o suficiente para que quando os mercados reflitam o resultado dessa ligação na oferta e procura, todos tenhamos em conta que a política monetária atua quase exclusivamente do lado da procura, é repressora da procura”. Mas Centeno deixou outros alertas, detalhando que as medidas temporárias “têm impacto nas contas públicas” e que é importante continuar a reduzir a dívida.