Crédito à habitação. Cem milhões em setembro

BdP diz que representa um abrandamento pelo 2.º mês consecutivo. BCE decide esta quinta-feira nova subida de juros.

Só em setembro foram contabilizados 100 mil milhões de euros para crédito à habitação, ainda assim, representa um abrandamento pelo segundo mês consecutivo. “O montante de empréstimos para habitação não ultrapassava os 100 mil milhões de euros desde junho de 2015. Esta evolução representa um crescimento de 4,4% em relação a setembro de 2021, desacelerando pelo segundo mês consecutivo”, revelam os dados divulgados pelo Banco de Portugal. 

Ainda esta terça-feira, a entidade liderada por Mário Centeno esclareceu que com o aumento das taxas de juro, o crédito à habitação está a ficar mais caro, uma tendência que se verifica desde o terceiro trimestre do ano e, ao mesmo tempo, os critérios de concessão de crédito também estão a apertar, sendo mais restritivos para a compra de casa. “No contexto de aumento das taxas de juro do mercado interbancário, o custo de financiamento bancário das empresas e dos particulares para aquisição de habitação, em Portugal e no conjunto da área do euro, tem vindo a aumentar”, diz o relatório.

Uma questão que ganha maiores contornos quando o Banco Central Europeu prepara-se para subir esta quinta-feora pela terceira vez consecutiva as taxas de juros. Tal como i já avançou tudo indica que o aumento será de 0,75% e a taxa diretora deverá voltar a subir em dezembro em 0,5%. E, numa análise feita para o nosso jornal, estas subiram poderão ter um impacto na prestação mensal a pagar ao banco de mais de 100 euros. 

Numa análise do ComparaJá.pt feita para o i, para um imóvel avaliado no valor de 125 mil euros a pagar em 33 anos, se a prestação em junho de 2020 se fixava em 383,11 euros mensais, esse valor subiu para 423,87 euros para julho deste ano e para 432,09 euros em agosto. Se aliarmos este valor da prestação ao aumento previsível da subida das taxas de juro irá pagar em novembro 481,27 euros. Isto é, quase mais 50 euros por mês – e mais 100 do que há dois anos.

Já para um imóvel de 186 mil euros, a pagar no mesmo prazo (33 anos), se em junho de 2020 pagava 565,54 euros, a prestação subiu para 578,77 euros no ano seguinte esse valor disparou em agosto para 642,95 euros. Com este aumento dos juros irá pagar em novembro, uma prestação de 716,13 euros. Ou seja, um aumento mensal de 73,19 euros.

O cenário agrava-se para uma casa na ordem dos 275 mil euros. A prestação em junho de 2020 fixava-se em 836,15 euros mensais, esse valor subiu para 932,52 euros em julho deste ano e para 950,50 euros no mês seguinte. A concretizar-se esta subida de 0,75%, irá pagar em novembro uma prestação mensal de 1058,80. Feitas as contas, mais de 108 euros por mês.

Outros créditos

Os dados do Banco de Portugal que os empréstimos ao consumo fixaram-se em 20,7 mil milhões de euros, mais 0,2 mil milhões de euros do que em agosto, “o que reflete um crescimento de 6,3% relativamente a setembro de 2021 (5,9% no mês anterior)”.

Já os empréstimos concedidos às empresas totalizaram os 76,6 mil milhões de euros em setembro, mais 1,4% em relação a setembro de 2021. É também um abrandamento, sendo que no mês anterior, o crescimento foi de 1,5%. 

Quanto aos depósitos, o regulador indica que “os depósitos de particulares nos bancos residentes totalizavam 181,3 mil milhões de euros e os das empresas 64,3 mil milhões de euros”. Aqueles de particulares cresceram 6,9% em relação a setembro de 2021, enquanto os das empresas subiram 9,3% face ao período homólogo.