CGD. Lucro de 692 milhões e aponta para “maior dividendo da história”

Banco vai entregar ao Estado 286 milhões e “consegue remunerar o custo do capital que é investido pelos contribuintes”

O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) aumentou 61% para 692 milhões de euros nos primeiros nove meses  e pensa em pagar o “maior dividendo da história” aos contribuintes. A Caixa explica que “ao resultado líquido de 692 milhões de euros, e de acordo com a política de dividendos, corresponde, até ao presente, a um montante máximo distribuível de 286 milhões de euros referente à atividade dos primeiros nove meses de 2022”.

A instituição financeira liderada por Paulo Macedo diz que “projeta-se, referente à totalidade da atividade do ano, e não se verificando qualquer impacto doméstico proveniente da evolução da situação internacional, o maior dividendo da história da Caixa, a liquidar em 2023, com impacto positivo no Orçamento de Estado, continuando a devolver aos contribuintes o esforço tido no âmbito do processo de recapitalização”. Já no início da apresentação, o CEO afirmou que esta é a “primeira vez que a CGD consegue remunerar o custo do capital que é investido pelos contribuintes”.

O banco explica esta subida dos lucros com a redução das imparidades relacionadas com a crise covid-19, além do negócio internacional. A atividade doméstica contribuiu com 537 milhões de euros, enquanto o negócio em Angola e Moçambique gerou um resultado de 155 milhões de euros.

A margem financeira líquida do banco público aumentou 25% para 930 milhões de euros, “uma evolução de 185 milhões de euros com forte contributo da atividade internacional (+28%) e das operações de tesouraria e gestão da carteira que contribuíram com 60 milhões de euros”. 

Já os resultados com comissões subiram quase 11% para 459 milhões de euros, no entanto, Paulo Macedo garantiu que não irá aumentar as comissões durante o próximo ano. 

O crédito a clientes cresceu em Portugal 2,1 % para 48,8 mil milhões de euros, enquanto o crédito a empresas subiu 2,6% para 19,9 mil milhões e o crédito à habitação cresceu 1,4 % para 25 mil milhões de euros.

Por seu lado, a margem financeira na atividade doméstica subiu 22,8% para 522,6 milhões de euros, já no mercado internacional cresceu 27,7% para 377 milhões de euros.

Os custos de estrutura, incluindo os gastos com pessoal, mantiveram-se estáveis em 292 milhões de euros.

Já os custos regulamentares (que incluem as contribuições extraordinárias do setor e os custos de supervisão e para o Fundo de Resolução) foram de 80,5 milhões de euros, ou seja, 25% acima do valor registado há um ano.

No segmento de empresas, a CGD destaca a produção de crédito, nomeadamente a subida de 5% no stock de crédito a PME (Pequenas e Médias Empresas). Registou-se ainda um crescimento da venda de produtos core para as empresas “como o financiamento de médio-longo prazo (+46%) seguros não-financeiros (+35%), as garantias bancárias (+48%) e o factoring e confirming (+24%)”.