Uma estratégia para a imigração

A atual escassez de trabalhadores que correspondam às necessidades das empresas prejudica o desenvolvimento da economia.

Portugal precisa de imigrantes. Os portugueses em idade ativa já não são suficientes para a necessidade de mão-de-obra. A crise demográfica é crescente e tem consequências gravíssimas para o país.

É urgente uma estratégia nacional para a captação de imigrantes que correspondam às necessidades de mão-de-obra das empresas, contribuindo para o desenvolvimento da economia.

Para além da diminuta natalidade, o desequilíbrio piora com a emigração, tanto pior por se tratar de população jovem e qualificada. No país fica uma população envelhecida, com sobrecarga no sistema social e escassez de trabalhadores para darem resposta às necessidades das empresas e até da administração pública.

Esta crise estava anunciada há muito e Portugal não foi capaz de contrariar a tendência acentuada de diminuição da natalidade. Portugal tem uma das mais baixas taxas de natalidade da Europa, com 1,4, quando o índice de renovação mínimo é de 2,1 e o índice de envelhecimento é dos mais elevados da Europa (era de 100 idosos por 100 jovens no ano 2000, sendo atualmente de perto de 190 idosos por 100 jovens).

A situação demográfica portuguesa é agravada pelo elevado valor da emigração anual que tem tido uma tendência crescente e que é particularmente grave por se concentrar em pessoas em idade ativa e com elevadas qualificações.

A imigração, embora com uma tendência crescente, revela uma variabilidade significativa e, sobretudo, nem sempre corresponde às necessidades do mercado de trabalho nacional e tem revelado problemas de integração com condições sociais deficitárias.

A conjugação destes fatores resulta numa tendência de diminuição da população ativa (decresceu cerca de 10% nos últimos 10 anos).

Portugal tem verificado uma taxa de desemprego marginal e a carência de mão-de-obra em vários setores de atividade é notória com notícias frequentes de falta de trabalhadores em setores como a hotelaria e a restauração, a agricultura ou a construção civil, mas também em áreas de formação mais especializada, nas áreas das tecnologias ou na saúde.

A atual escassez de trabalhadores que correspondam às necessidades das empresas prejudica o desenvolvimento da economia.

Portugal precisa de um programa nacional de captação de imigrantes que dê resposta a este problema. Um plano que seja perene, que olhe para as carências do mercado de trabalho e que seja capaz de responder devidamente. Uma iniciativa que seja proativa e que alie a captação de imigrantes com o perfil adequado às necessidades das empresas ao acolhimento e à integração.

Tal iniciativa não é, sequer, original. Diversos países optaram já por esta solução para responder às necessidades de recursos humanos das empresas. No Canadá, em Espanha ou na Alemanha, esta é a estratégia adotada para ajudar a economia.

Ao invés de sermos recetores passivos de imigrantes, tantas vezes com problemas de integração e sujeitos à exploração, devemos optar por uma estratégia de captação de imigrantes que deve resultar de um pacto nacional que comprometa os partidos, as empresas e os representantes dos trabalhadores e que contribua para o desenvolvimento da economia.

Esta iniciativa não deve substituir a urgência de inverter a grave situação de crise de natalidade, mas deve ser encarada como uma medida com potencial efeito imediato, dado que o efeito de uma alteração de natalidade demorará décadas a ser efetivo.