Itália é dos países com mais casos de pedofilia envolvendo a Igreja Católica

Foram recebidas, na quinta-feira, 89 denúncias de alegados abusos desta natureza pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), cometidos por 68 pessoas relacionadas com a Igreja, nos anos 2020 e 2022. As vítimas italianas não receberam com boa-fé o relatório, considerando que “roça o ridículo”, tendo em conta que se refere apenas a dois anos. 

A Itália é um dos países que contém mais casos de abusos sexuais de crianças envolvendo membros da Igreja Católica. Quem o diz é o monsenhor John Joseph Kennedy, o secretário da Secção Disciplinar da Congregação para a Doutrina da Fé. 

"Não tenho aqui as estatísticas, que são confidenciais e produzidas para os membros da Congregação quando nos reunimos em plenário, mas posso dizer que Itália está em quinto ou sexto lugar no mundo para o número de casos", disse esta quinta-feira o responsável em declarações à agência italiana Ansa, acrescentando: "A Itália está num lugar muito alto".

Foram recebidas, na quinta-feira, 89 denúncias de alegados abusos desta natureza pela Conferência Episcopal Italiana (CEI), cometidos por 68 pessoas relacionadas com a Igreja, nos anos 2020 e 2022. Destes, mais de metade tinham entre 40 e 60 anos na altura do abuso, 30 deles eram padres, 23 eram leigos da Igreja italiana e 15 eram outras figuras ligadas à Igreja. 

No relatório da CEI – o primeiro sobre os resultados do trabalho dos serviços de proteção de crianças – indica que 61 das vítimas estavam no grupo etário dos 10 aos 18 anos, 12 tinham menos de 10 anos e 16 eram considerados adultos "vulneráveis". 

As vítimas italianas não receberam com boa-fé o relatório, considerando que “roça o ridículo", tendo em conta que se refere apenas a dois anos. 

"Todos os casos envolvendo padres italianos comunicados à magistratura, à nossa associação ou diretamente à Congregação para a Doutrina da Fé estão excluídos do relatório", afirmou Francesco Zanardi, fundador da associação Rete L'Abuso (Rede Sobre Abusos) e vítima de um padre pedófilo, em comunicado, citado pela mesma agência de notícias.  

Contactado pela Lusa, Zanardi teceu críticas à postura do Estado italiano nesta matéria, afirmando que este mantém-se "ausente" das investigações a abusos sexuais na Igreja, ao contrário de países como Portugal: “Estamos zangados com a falta total do Estado neste caso".