Ilustres ausentes. Sem músculos para ir ao Qatar

Problemas físicos, quase sempre de ordem muscular, e falta de competência afastaram do Qatar excelentes jogadores e grandes seleções. França é a mais penalizada.

Por João Sena

Estar presente num Mundial de futebol é um momento alto na carreira de qualquer jogador, por essa razão o medo das lesões, qual ‘Espada de Dâmocles’ não deixa os jogadores tranquilos até à partida para a grande competição. Quando o destino é cruel e deita por terra o sonho de uma vida, não é a morte de ninguém mas é uma viagem ao inferno. Fechadas as convocatórias dos 32 países que garantiram a presença no Qatar, verificamos que há muitos e bons jogadores que ficaram de fora por lesões, mas também porque as suas seleções não foram suficientemente competentes para garantir o apuramento para a maior competição do mundo.

Demasiadas lesões O invulgar número de lesões registado nas últimas semanas, consequência do elevado número de jogos realizados nas diferentes competições, deixou os jogadores num estado de ansiedade pouco recomendável, pois ninguém quer perder a viagem ao Qatar devido a um azar de última hora. Nos mundiais anteriores, a atividade terminava algumas semanas antes do início da competição, o que permitia baixar a intensidade. Agora, acontece precisamente o contrário, houve jogos oficiais até uma semana antes de começar o Mundial. É verdade que vão chegar no pico de forma aos grandes jogos, a questão é saber até quando é que aguentam. Nas últimas semanas, vários jogadores fundamentais nas suas equipas sofreram lesões de difícil recuperação e, por isso, vão ficar fora do Campeonato do Mundo, e outros são uma incógnita devido à sua condição física. O grupo de lesionados formava uma excelente equipa. A seleção francesa é a mais penalizada, com as lesões de Paul Pogba e N´Golo Kanté, dois jogadores fundamentais no meio-campo gaulês, e de Presner Kimpembe, todos eles com lugar garantido na equipa campeã do mundo. O guarda-redes suplente Mike Maignan ficou igualmente de fora. Também Portugal tem razões de queixa, com as ausências de Diogo Jota e Pedro Neto, embora só o primeiro tenha lugar garantido nas habituais escolhas de Fernando Santos. O Brasil não pode contar com o médio Philippe Coutinho, a Alemanha perdeu à última da hora o avançado Timo Werner, depois de já ter ficado sem o médio Marco Reus, a Argentina surge desfalcada de Lo Celso, a seleção inglesa vai ter de jogar sem os defesas Ben Chilwell e Reece James, o México ficou sem Jesus Corona e os Países Baixos perderam Wijanldum. De notar que, à exceção de Wijnaldum, fratura da tíbia, e de Timo Werner e Jesus Corona, lesão no tornozelo, todas as outras ausências são motivadas por lesões musculares e/ou de ligamentos, o que confirma que a maioria dos atletas está com sobrecarga de jogos. Além das baixas confirmadas há outros jogadores em dúvida, caso de Sadio Mané que está integrado na seleção do Senegal, mas dificilmente recupera da lesão no perónio.

Falta de competência Além das lesões, há muita gente famosa que fica fora do Mundial por incompetência. A Itália terminou o seu grupo em segundo lugar, atrás da Suíça, e teve de disputar o ‘playoff’ de apuramento para o Mundial frente à Macedónia do Norte. Só que o Diabo estava atrás da porta e a ‘squadra azzurra’ perdeu (0-1), em Palermo, e foi eliminada. Menos de um ano depois de festejar o título europeu, a Itália perdeu-se no caminho para o Mundial. É a segunda vez consecutiva que os italianos falham uma fase final, o que deixa de fora nomes como Donnarumma, Bonucci, Verratti e Chiesa. Esta ausência é ainda mais difícil de explicar se nos lembrarmos que a Itália venceu quatro campeonatos do mundo, a par da Alemanha e apenas atrás do Brasil. Quem também falhou a presença no Qatar foi a Noruega, nem ao ‘playoff’ conseguiu ir. O ‘gigante’ Haaland, melhor marcador da Premier League, fica a ver o Mundial pela televisão. A Suécia é das seleções com mais presenças em fases finais, só que desta vez ficou pelo caminho – nem a participação de Zlatan Ibrahimovic no ‘playoff’ evitou a eliminação perante a Polónia. Na América do Sul, o Chile está a perder fulgor. Depois de vencer a Copa América em 2014 e 2016, falhou o Mundial pela segunda vez consecutiva. A Colômbia e o seu futebol alegre também ficou de fora. No continente africano também houve surpresas que tiraram do Mundial grandes jogadores como Riyad Mahrez (Argélia) e Mohamed Salah (Egito), além da Nigéria, que sobressaiu nos três últimos Mundiais com um futebol vistoso e cheio de energia. Todos eles fazem falta.