Montenegro e PPE com Costa na mira

O líder do PSD aproveitou a assembleia política do PPE, em Lisboa, para pedir a Bruxelas que esteja mais atenta à execução dos fundos europeus. E pressionou a sua família europeia do centro-direita a exigir que se avance com a construção do gasoduto nos Pirenéus.

Num encontro da família de centro-direita europeia em Lisboa, o presidente do PSD desafiou Bruxelas a estar mais atenta ao Governo de António Costa,  nomeadamente à «ausência total» de reformas estruturais exigidas pela Europa como contrapartida do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

«Uma ausência que as instituições europeias não têm denunciado diz alguma coisa sobre como as instituições europeias estão a lidar com a situação atual. Há muito tempo que não ouço a Comissão Europeia estar muito preocupada com isso», alertou Luís Montenegro.

Na sua intervenção perante a assembleia política do Partido Popular Europeu (PPE), onde estiveram, por exemplo, Manfred Weber, presidente daquele grupo europeu, Alberto  Núñez Feijóo, do Partido Popular espanhol, ou Nuno Melo, presidente do CDS-PP, o líder social-democrata lamentou que os fundos europeus estejam «excessivamente vocacionados para a esfera do investimento público, às vezes até para suprir as insuficientes dotações da administração pública, em vez de estarem direcionados para a criação de riqueza e recuperação do tecido económico».

 Já antes, o presidente do PPE  (cuja entrevista em exclusivo ao Nascer do SOL_pode ler nas páginas 50 a 53) criticara o Governo português, frisando que estes fundos europeus se destinavam ao investimento numa Europa mais verde e digital e que isso não está a acontecer em Portugal. «Vemos que é mais para compensar o défice e orçamento nacional. Não é esse o objectivo deste fundo», disparou, criticando ainda as «disputas internas e os comportamentos caóticos» do Executivo de Costa.

Na mesma senda, Montenegro não deixou passar em branco a atual polémica entre o primeiro-ministro e o antigo governador do Banco de Portugal, exigindo «transparência» e explicações a Costa quanto às acusações feitas por Carlos Costa sobre a alegada «intromissão política» no caso que envolve a empresária angolana Isabel dos Santos e o banco BIC.

Noutra frente, pedindo uma Europa com «menos arranjos entre primeiros-ministros ou chefes de Governo», o social-democrata pressionou ainda o PPE a lutar contra o acordo  assinado entre Portugal, Espanha e França para a construção de um gasoduto no Mediterrâneo entre Barcelona e Marselha, e a exigir junto das instituições europeias a execução das interconexões energéticas entre a Península Ibérica e a França, sobretudo o cumprimento das ligações elétricas já previstas desde 2014 através dos Pirenéus.

«Os governos socialistas de Portugal e Espanha juntaram-se com o presidente francês Macron para uma operação de pura cosmética política. A Europa não precisa nem de mais fotografias, de mais cimeiras, de mais música para os nossos ouvidos, precisamos de ação e que a Comissão Europeia cumpra o que está escrito desde 2014», atirou.