Infeções virais levam a agravamento de tempos de espera

Nesta terça-feira, no Hospital de Santa Maria, os doentes com pulseira amarela esperaram 14 horas.

As infeções virais estão mais agressivas este ano e, por isso, há mais doentes a recorrer aos hospitais e os tempos de espera vão-se agravando. Xavier Barreto, presidente da Associação de Administradores Hospitalares, relatou este cenário à TSF e exemplificou que esta terça-feira os doentes urgentes com pulseira amarela esperavam 14 horas para serem atendidos no Hospital de Santa Maria.

“Todos os anos, nos invernos, temos um excesso de procura nos serviços de urgência, portanto não é uma exceção nem são casos pontuais. É uma situação transversal a todo o Serviço Nacional de Saúde e este ano está a repetir-se com um padrão ligeiramente diferente”, indicou. “Têm aparecido mais cedo, muito por conta da alteração do contexto. O que deveríamos ter criado há já muitos anos era uma porta alternativa para os doentes que, sendo agudos, não são urgentes. Cerca de metade dos doentes que vão à urgência hospitalar não são doentes urgentes, poderiam encontrar resposta noutro nível de cuidados, nomeadamente nos cuidados primários, que seriam a aposta mais natural, mais óbvia. Se a organização do sistema e a resposta é a mesma, não podemos esperar resultados muito diferentes daqueles que tivemos em invernos anteriores”, afirmou Xavier Barreto no Fórum TSF.

Para além disso, o responsável lembrou que a vacina contra a gripe é fundamental, principalmente quando se está a contactar com um vírus que tem “maior taxa de infeção” e “parece ser mais grave”. “Isto reduz muito a probabilidade de a pessoa ter doença grave. É muito importante que as pessoas percebam que o doente, ainda que seja agudo, não é urgente e pode esperar algumas horas, não deve dirigir-se a uma urgência hospitalar”, sublinhou.

Na última edição do Nascer do SOL, Ricardo Mexia, especialista em Saúde Pública, esclareceu: “O que nos preocupa é que sem medidas de controle da transmissão a gripe e outros vírus voltem associados à questão da covid-19. Há aqui um conjunto de fatores que pode influenciar a Europa. Olhando para o hemisfério Sul, principalmente para a Austrália, entendemos bem aquilo que pode vir a acontecer”.