Marcelo evoca direitos humanos em conferencia no Qatar

Mesmo após o desagrado do Qatar, PR cumpre promessa e fala em direitos humanos.

Depois do “puxão de orelhas” do Governo qatari, o Presidente da República participou ontem numa conferência no Qatar, focada na educação como um objetivo do desenvolvimento sustentável, onde evocou os direitos humanos. A informação foi divulgada através de uma nota da Presidência.

“Centrando-se no tema da conferência, sublinhou que uma educação de qualidade implica o seu alargamento a todos os cidadãos, incluindo um aumento significativo do acesso ao ensino superior, como aconteceu em Portugal nas últimas décadas, em particular a participação das mulheres, hoje maioritárias no ensino superior, incluindo nos doutoramentos”, refere a mesma nota.

Isso “também significa o acesso de todas as camadas sociais, nacionais e não nacionais, incluindo migrantes e suas famílias”, acrescenta a Presidência, sublinhando ainda que “uma educação de qualidade significa liberdade e inclusão, tolerância, não discriminação nomeadamente em função do género, da etnia, da origem, da orientação sexual e, portanto, o respeito pelos direitos humanos”.

Esta semana, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha argumentado que ia estar no Qatar também para “falar de direitos humanos”, justamente na conferência mencionada na nota da Presidência.

A deslocação do Presidente ao país anfitrião do Mundial de futebol está também a ser marcada por um incidente diplomático. O embaixador português no Qatar, Paulo Pocinho, terá sido chamado pelo Governo qatari a propósito das declarações “hostis” de altos responsáveis portugueses sobre as violações de direitos humanos no país. De acordo com a CNN Portugal, Pocinho terá reunido com o vice-primeiro-ministro do Qatar, que fez saber que as manifestações contra o país não são aceitáveis, e que o emirado só não irá tomar medidas mais drásticas em nome da relação de amizade entre os dois países.

Segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros português, o embaixador de Portugal em Doha “esteve, conforme prática habitual” no Ministério dos Negócios Estrangeiros do Qatar, “no quadro da preparação da deslocação do Presidente da República Portuguesa ao país, por ocasião do Campeonato Mundial de Futebol”.

O gabinete de João Gomes Cravinho não faz menção, contudo, ao alegado desconforto demonstrado pelo Governo qatari pelas declarações de Marcelo Rebelo de Sousa e do primeiro-ministro António Costa, que se pronunciaram esta semana sobre a violação dos direitos humanos no Qatar e a discriminação das mulheres naquele país.