UE quer apertar sanções à Rússia e envia 2,5 mil milhões de euros a Kiev

A economia ucraniana resiste, apesar das perdas. Kiev conta com apoio internacional para sustentar tropas, mas sobra pouco para reconstruir.

Enquanto a Ucrânia recebia mais uma tranche de 2,5 mil milhões de euros de apoios europeus, esta quinta-feira, Bruxelas preparava-se para apertar as sanções à Rússia. É que, por mais que as forças de Kiev tenham conseguido ganhar ímpeto no campo de batalha, na retaguarda também se combate, de maneira a manter à tona a economia ucraniana. Ao mesmo tempo que os países da NATO tentam devastar a economia russa, para prejudicar o esforço de guerra do Kremlin ou até, quem sabe, virar a opinião pública contra o regime de Vladimir Putin.

“Estamos a trabalhar no duro para atingir a Rússia onde dói”, prometeu Ursula von der Leyen, explicando que já se está a trabalhar para apresentar um novo pacote de sanções europeias. “E estou confiante que muito em breve iremos aprovar um limite global no preço do petróleo russo com o G7 e outros parceiros de destaque”, assegurou a presidente da Comissão Europeia. Na prática, significará que as empresas ficam proibidas de transportar, fornecer seguros ou financiar a compra de petróleo russo acima deste limite.

A Bloomberg avançou que o limite discutido entre a UE e o G7 está entre os 60 e os 70 dólares por barril. O que pode ser mais fogo de vista do que outra coisa, dado que o petróleo russo tem sido vendido a preços de desconto, muito abaixo disso. Já Von der Leyen garantiu que os europeus não têm poupado esforços. “Não vamos descansar até que a Ucrânia tenha prevalecido sobre Putin e a sua guerra ilegal e bárbara”.

Já os custos de reconstruir a Ucrânia depois do fim da guerra aumentam de dia para dia, alertou Serhiy Marchenko, ministro das Finanças ucraniano. Sendo que em agosto o Banco Mundial estimou que seriam precisos mais de cem mil milhões de euros para reparar a infraestrutura do país, sem contar com as enormes perdas humanas.

Os atuais níveis de apoio financeiro do Ocidente a Kiev deverá chegar para “manter o Governo a funcionar”, explicou Marchenko. No entanto, com a guerra a decorrer, não surpreende que o grosso do orçamento sirva para sustentar os militares, sobrando pouco para começar a reconstruir. Arriscando deixar a população numa situação terrível, sobretudo devido aos ataques da Rússia contra a infraestrutura energética ucraniana. E é muito difícil tropas combaterem com motivação quando sabem que as suas famílias estão a passar mal com frio em casa.

Entretanto, a economia ucraniana tem sofrido mas teima em resistir, contra todas a expectativas. “Negócios que são mais móveis relocalizaram para partes mais seguras, levando a crescimento regional”, destacando-se os negócios de IT, explicou Dmitriy Sergeyev, professor de Economia na Universidade Bocconi, num artigo no Conversation. Claro que outras indústrias sofreram, vendo-se uma quebra brutal de 37,2% no segundo trimestre de 2022. Daí que a Ucrânia precise tanto do apoio financeiro ocidental, para sustentar as suas tropas e os seus civis face à agressão da Rússia.