“Coordenar políticas” é a chave para baixar inflação e evitar recessão

Garantia foi dada por Fernando Medina. Também Mariana Vieira da Silva destacou o papel do PRR. 

O ministro das Finanças destacou ontem a importância de “coordenar” a política orçamental com a monetária, de modo a responder aos “tempos excecionais” que vivemos atualmente. “Momentos de incerteza exigem-nos vigilância, mas exigem-nos também capacidade de resposta, disponibilidade para o diálogo e foco permanente na procura de alternativas e soluções. Perante os tempos excecionais que vivemos, é particularmente importante que consigamos coordenar políticas, nomeadamente entre as frentes orçamental e monetária”, disse Fernando Medina, na cerimónia de tomada de posse dos membros do conselho de administração do Banco de Portugal (BdP).  

Ainda esta segunda-feira, o governante admitiu que os próximos meses serão de “elevada incerteza”, numa altura em que os mercados continuam a digerir os impactos da pandemia e da guerra na Ucrânia. Além disso, reafirmou que a redução da dívida pública é um dos objetivos do Executivo.

“Enfrentamos meses de elevada incerteza em que os mercados financeiros e de capitais continuarão a digerir os efeitos da pandemia e da guerra da Rússia contra a Ucrânia, no quadro da transformação estrutural resultante dos desafios climáticos, digitais e num contexto de subida de juros após mais de uma década de taxas anormalmente baixas”, afirmou. 

PRR com peso

Por outro lado, a  ministra da Presidência garantiu que o Governo tem “plena consciência” da importância da execução dos fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e que está a trabalhar para a conseguir. “Todos reconhecemos a importância do investimento público e financiado por fundos europeus no momento que o país vive e num momento em que outras dimensões da economia em muitos países estão a abrandar. Em Portugal isso não tem acontecido, mas nós temos plena consciência da importância da execução dos fundos e estamos a trabalhar para ela”, afirmou Mariana Vieira da Silva.

Já quando questionada se a execução do PRR estava ou poderia vir a sofrer atrasos, disse apenas que o “conjunto de compromissos” está a ser concretizado ao “ritmo normal que estava previsto”. E acrescentou: “Temos em Portugal uma tradição de plena utilização dos fundos europeus e não temos nenhum sinal que não seja assim. É evidente que vivemos num momento que é difícil, as instituições europeias também reconhecem a necessidade de ter de fazer algumas adaptações de calendário, agora, no cumprimento geral dos fundos esta é uma das muitas evidências de que os trabalhos estão em curso”.

Também questionada sobre a segunda tranche de verbas do PRR, Mariana Vieira da Silva adiantou que a mesma está a ser analisada pela Comissão Europeia e que a expectativa do Governo é ter, “ao longo deste ano”, a aprovação do pedido.

“Quando Portugal submete o seu segundo pedido é porque tem a convicção que cumpriu todas as suas metas e agora é o tempo que essa análise se possa desenrolar. Há um acompanhamento muito próximo da Comissão Europeia destes projetos em múltiplas reuniões e visitas e é isso que tem estado a acontecer. A nossa expectativa é que ao longo deste ano tenhamos o sinal de aprovação deste segundo pedido”, acrescentou.