Guerra fria e longa é o desejo de Putin

Bombardear civis e instalações elétricas na Ucrânia continua a ser a estratégia de Moscovo. A guerra está cada vez mais fria e assassina.

Guerra fria e longa é o desejo de Putin

por João Sena

A Ucrânia reconheceu que não tem capacidade para restaurar a 100% a sua infraestrutura elétrica – que foi seriamente danificada pelos constantes ataques russos – e quem sofre são os civis. Essa é, até agora, a única ‘vitória’ do Presidente russo, que fez saber, durante uma reunião no Kremlin, que o exército está preparado para ficar na Ucrânia durante muito tempo e que, neste momento, não faz sentido mobilizar mais soldados. Na mesma ocasião, Putin assegurou que a Rússia não será a primeira a utilizar o seu arsenal nuclear.

Apesar das críticas a nível mundial, Vladimir Putin afirmou que vai continuar a atacar infraestruturas de energia ucranianas, cujos ataques têm como consequência enormes cortes de energia e de água, deixando milhões de pessoas ao frio e sem luz, em mais uma atitude criminosa do Presidente russo.

Nas últimas horas, os militares russos dispararam mais de mil foguetes e mísseis contra a rede elétrica da Ucrânia.

Putin justifica estes ataques como uma resposta à explosão de uma ponte na Crimeia e a outros ataques que atribui às tropas ucranianas.

Além desses ataques estratégicos, os russos bombardearam, no dia de ontem, a cidade de Toretsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, causou a morte a uma pessoa e dois feridos, adiantou o governador da região, Pavlo Kyrylenko.

Nessa lógica de destruição, o exército russo bombardeou o jardim zoológico de Yampil e retomou a iniciativa de recuperar a região de Lyman, no norte do Donbás.

 

Risco nuclear

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que o Governo está a trabalhar em conjunto com a Agência Internacional de Energia Atómica de modo a criar uma zona de proteção à volta da fábrica nuclear de Zaporizhzhya, que é, neste momento, controlada pelos russos.

Soube-se também que cerca de 10 mil militares ucranianos e igual número de civis podem ter sido detidos pelas tropas russas e enviados para centros de detenção, que, por aquilo que já se viu nesta guerra, são verdadeiros campos de concentração. Quem o afirma é Oleksandr Kononenko, responsável pelos direitos humanos na zona do conflito, que adiantou: “Os civis estão a ser detidos de forma ilegal como prisoneiros de guerra devido ao seu apoio ao exército ucraniano”.

 

Rússia não sai do sítio

No plano militar, as tropas russas continuam empenhadas em conquistar o leste e sul da Ucrânia, mas os progressos têm sido nulos. Talvez por isso mesmo, os russos estejam a realizar exercícios militares na vizinha Bielorrússia, como pode ver-se nos vídeos publicados por Moscovo onde soldados e tanques russos fazem exercícios de artilharia. Aliás, ainda ontem a Rússia admitiu que é vulnerável na zona da Crimeia. Essa informação surge depois de vários ataques contra alvos russos distantes da frente de batalha, que foram atribuídos aos ucranianos.