O pecado do regime

Ao contrário do que sucede na maior parte dos países de Leste em causa, em Portugal,  o PS persiste num modelo errado de mais dívida e mais despesa, à custa do esforço de quem trabalha. Para o PS, ter sucesso na vida é pecado e os impostos são o castigo com que no governo se…

por Nuno Melo

Desde 2015, quando este PS ascendeu ao poder, Portugal vem sendo arrastado para o fundo na lista dos países que menos crescem na UE, ultrapassado pela Polónia e pela Hungria, antes disso pela Estónia e pela Lituânia e agora pela Roménia, bem mais pobres no momento das respectivas adesões.

Em 2015 o PIB per capita de Portugal era de 78% da média da UE, correspondente ao 17º lugar entre 27 países, passando para 74% dessa média em 2021, equivalente ao 21º lugar.  Seria suposto que a tendência, sendo grave, não fosse desvalorizada por nenhum governante com mínimos de racionalidade. Tragicamente, com o PS não é assim.

Enquanto Portugal bate todos os recordes de dívida em valor absoluto, despesa pública e carga fiscal, ha quem argumente que “a Roménia quer crescer, nós queremos outras coisas”. O pecado é pouco menos que mortal, quando somos ultrapassado por concorrentes muito improváveis. Portugal aderiu à CEE em 1986, os países de Leste, formatados pela pobreza e atraso da experiência soviética, aderiram à UE muito mais tarde, em condições de evidente  desvantagem competitiva.  Em 2004 entraram a Hungria, a Polónia, a Eslováquia, a Letónia, a Estónia, a Lituânia, a República Checa e a Eslováquia, em 2007 a Bulgária e a Roménia e em 2013 a Croácia.

Significa que quando os países de Leste aderiram, Portugal já levava 18 anos de avanço em relação ao grupo de 2004, 20 anos em relação ao grupo de 2007 e 27 anos sobre a Croácia, medidos por muitos milhares de milhões de euros, supostamente entregues no pressuposto de nos aproximarmos do pelotão dos mais ricos. É rigorosamente para isso que existe a política de coesão. No entanto, facto é que bastaram poucos anos para os novos países corrigirem problemas estruturais, controlarem as dívidas públicas, adoptarem políticas fiscais competitivas e crescerem sustentadamente, ultrapassando Portugal, que primeiro marcou passo e agora cai com estrondo.  Para que se perceba, depois  de anos de bom desempenho, entre  2015 e 2021 o PIB per capita da Polónia cresceu de 69% da média da UE para 77%, o da Hungria de 70% para 76%,  o da Lituânia de 75% para 88% e o da Estónia de 76% para 87%, enquanto o de Portugal retrocedeu  de 78% para 74%.  

A razão é muito fácil de identificar: ao contrário do que sucede na maior parte dos países de Leste em causa, em Portugal,  o PS persiste num modelo errado de mais dívida e mais despesa, à custa do esforço de quem trabalha. Para o PS, ter sucesso na vida é pecado e os impostos são o castigo com que no governo se asfixia a classe média cada vez mais exígua e se retira competitividade às empresas. Portugal é o país  com a taxa de IRC mais  alta entre os 38 países da OCDE e atingiram-se valores recorde de carga fiscal sobre o trabalho.

Incompreensivelmente, nem mesmo o impacto da economia de guerra leva o PS a alterar o caminho. Em Portugal só 3% dos jovens ganham mais de 1600 €. Mesmo assim, o partido chumbou em Lisboa a proposta de isenção de IMT na aquisição de casa por jovens até 35 anos. No mesmo sentido, enquanto a  inflação cresce, o governo não actualiza os escalões de IRS, mutilando premeditadamente o rendimento das famílias, como não reduz temporariamente à taxa zero o IVA dos bens alimentares essenciais cuja inflação superou os 18%, nem permite a dedução no IRS do aumento brutal dos juros nos créditos à habitação.  

Para o PS, no governo,  milhares de milhões de euros de lucros excessivos acumulados  à conta do sofrimento alheio, são a ferramenta que  promove  dependências que deveria evitar, mas que reforça, a pensar nos votos. Nem mesmo 3 bancarrotas depois, se aprende grande coisa com os erros, lá pelo largo do Rato.