Energia continua na mira de Putin

O mais recente ataque em massa da Rússia deixou a Ucrânia com apenas 50% da sua energia funcional e atrasou as obras de recuperação e reparação das infraestruturas.

A Ucrânia foi novamente alvo de um ataque em massa, o segundo no espaço de dias, por parte da Rússia, que teve como principal objectivo a destruição das infraestruturas de energia do país liderado por Volodymyr Zelensky.

Segundo a empresa estatal de energia da Ucrânia, Ukrenergo, depois deste ataque – em que foram lançados 76 mísseis que atingiram centrais termoelétricas, hidroelétricas e subestações de redes –, o consumo de energia caiu 50%. A mesma fonte acrescentou que a primeira consequência deste ataque é que vai demorar ainda mais tempo a restaurar o fornecimento de eletricidade.

Estes ataques acontecem depois da Ucrânia ter pedido um reforço para o seu arsenal de forma a proteger a rede de energia do país. Kiev teme que novos ataques russos possam fazer disparar o número de refugiados provenientes da linha da frente da guerra. «Ninguém sabe quantos, mas haverá centenas de milhares de refugiados, já que o bombardeio terrível e ilegal da infraestrutura civil torna a vida inabitável em muitos lugares», disse o chefe do Conselho Norueguês de Refugiados, Jan Egeland, à agência Reuters. «Temo que a crise na Europa se aprofunde e que ofusque igualmente as crises noutros lugares do mundo», acrescentou.

As autoridades dos EUA dizem que Washington aprovará em breve o envio do sistema de defesa aérea Patriot para a Ucrânia, como disseram três oficiais à Associated Press, citados pelo Guardian, na condição de anonimato, uma vez que a decisão não é final e não foi tornada pública.

O sistema de defesa Patriot, caso seja aprovado, será o mais avançado sistema de mísseis terra-ar que o Ocidente fornecerá à Ucrânia para ajudar a repelir ataques aéreos russos.

Apesar de ser considerada uma melhoria considerável no arsenal ucraniano, também constituirá um novo «alvo» na mira do invasor. O Kremlin afirmou, na quarta-feira, que os mísseis Patriot vão converter-se em alvos legítimos das Forças Armadas russas. «Absolutamente», reforçou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, no decurso da conferência de imprensa diária, ao ser questionado se perfilhava as declarações do vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, Dmitri Medvedev, que em finais de novembro disse que os Patriot se tornariam «imediatamente num alvo legítimo das Forças Armadas» russas.

 

Grande ofensiva de Ano Novo

Segundo altos funcionários de Kiev, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, está a preparar uma nova grande ofensiva contra a Ucrânia que terá lugar no Ano Novo.

O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, afirmou, em entrevista ao Guardian, que, apesar de a Ucrânia ter capacidade para se defender com sucesso dos ataques de mísseis da Rússia contra infraestruturas importantes, surgiram provas que mostram que o Kremlin está a preparar uma ampla nova ofensiva.

Em declarações feitas ao Economist, durante a presente semana, o ministro da Defesa justifica que estes alertas  fazem parte de «um esforço amplo e coordenado para alertar contra a complacência entre os aliados ocidentais e destacar a contínua ameaça que a Rússia representa para a Ucrânia», escreve o jornal inglês.

O Presidente ucraniano disse, entretanto, num discurso online para o Conselho Europeu, que os próximos seis meses do conflito com a Rússia serão «decisivos» na guerra. «Estas agressões são contra a Ucrânia e contra cada um de vocês, porque o alvo final da Rússia está muito além da nossa fronteira e da soberania ucraniana. Os próximos seis meses exigirão de nós esforços ainda maiores do que os realizados no período anterior», disse Zelensky, citado pelo Guardian.