Gente jovem com futuro

São jovens apaixonados pelo desporto. Desafiam-se a si próprios e chegam ao topo ainda adolescentes.  A nova geração de atletas domina o mundo com o seu talento. 

Muitos pais querem que os seus filhos tenham uma vida ativa e saudável ou se tornem grandes atletas no futuro. Por isso, há cada vez mais crianças nas escolinhas dos clubes e nas associações desportivas a participar em atividades desportivas. O correto acompanhamento por um treinador, uma vida saudável e uma boa integração social permitem ao jovem desenvolver as suas habilidades e explorar ao máximo o seu potencial ao mesmo tempo que aparecem as paixões por um desporto. Em todo este processo, é importante que o programa de treino respeite os estágios de crescimento, desde a iniciação até ao alto rendimento, para não prejudicar o desenvolvimento do jovem atleta. Depois, há um aspeto fundamental que deve estar presente desde muito novo, é importante gostar de desporto e não apenas de ganhar.
Em Portugal, há mais de 393 mil atletas federados, desde a iniciação até aos juniores, em todas as modalidades, e temos campeões para todos os gostos. Embora a cultura desportiva no nosso país passe muito pelo futebol, há mais vida para além do chamado desporto-rei. Em 2022, os jovens atletas portugueses de alta competição mostram muita qualidade e conseguiram vitórias relevantes a nível mundial, o que constitui uma das mais significantes experiências de vida e, ao mesmo tempo, um orgulho para Portugal.
Entre os melhores
No futebol, o caso de António Silva é um bom exemplo da qualidade da formação em Portugal. O jovem defesa central estreou-se na equipa principal do Benfica em agosto, com 18 anos, e já jogou a Liga dos Campeões (marcou um golo) e o Campeonato do Mundo. Nos últimos três meses foi eleito pelos treinadores portugueses como o melhor defesa do campeonato. Nada mau para um menino que já fez 19 anos, e está avaliado em 15 milhões de euros pelo Transfermarkt. «Estou a passar um bom momento. Não esperava tão cedo jogar pela equipa principal. Espero estar à altura da confiança que depositaram em mim. Sempre que vou para o campo é para dar o melhor e tento aprender ao máximo com os mais experientes», referiu António Silva.
No andebol, há um nome que se destaca. Francisco Costa, 17 anos, é atleta do Sporting e internacional pela seleção principal. Foi medalha de prata e melhor marcador no Europeu de Sub-20 e venceu a Taça de Portugal. É um jovem com muita irreverência e maturidade. Esteve nomeado para Melhor Jovem Jogador de Andebol do Mundo 2022 pelo site Handball-Planet.com. Não conseguiu essa distinção, ficou em segundo, mas foi considerado o melhor lateral direito do ano. Mudou esta época para o Sporting: «É um sentimento de orgulho, tenho trabalhado ao longo dos anos para jogar ao mais alto nível. Vou ser um dos melhores. Estou numa equipa com grandes jogadores, chego para crescer com eles e certamente vão-me ajudar», disse ao site do clube. 
A canoísta Beatriz Fernandes, de 18 anos, realizou uma época brilhante na categoria júnior e conquistou sete medalhas. Foi campeã do Mundo na categoria C1 200 m e C1 maratona. Ficou em segundo lugar no Campeonato do Mundo em C2 misto 500 m e no europeu em C1 500 m. Ganhou ainda três medalhas de bronze nas categorias C1 200 m e C1 1000 m. A atleta do Clube Náutico de Ponte de Lima é mais um exemplo de determinação e talento, e tem legítimas esperanças em estar nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. «As competições seniores são um bocado mais complicadas, mas vamos ver como corre, vamos tentar. Sou uma atleta com capacidade. Acho que sou forte mentalmente e isso tem-me ajudado muito», afirmou a atleta.
Ainda na canoagem, destaque para Pedro Casinha que, aos 19 anos, foi campeão do mundo de juniores na categoria K1 200 m, campeão universitário em K1 200 m e vice-campeão em K2 500 m e K4 200 m. Venceu também o campeonato nacional universitário em K1 200 m e 500 m. O atleta do Benfica está a estudar engenharia biomédica na Universidade Nova de Lisboa, é determinado e extremamente veloz como comprovam os resultados. Apesar disso, reconhece: «Sinto que ainda tenho muito para aprender. Partilhar treinos e provas com atletas e treinadores de topo mundial é algo indescritível. Trabalham todos os dias no limite para serem os melhores e são um grande exemplo para os mais jovens como eu, que começam agora nos seniores».
No ciclismo, António Morgado, de 18 anos, foi vice-campeão mundial de estrada, campeão nacional de fundo e de contrarrelógio e vencedor da Taça de Portugal na categoria júnior. Venceu ainda a Volta a Portugal Júnior e mais oito provas em diferentes países. Tem grande talento e espírito ganhador. António Morgado deixou a equipa Bairrada e, em 2023, vai reforçar a equipa americana Hagens Berman Axeon. «É uma grande honra e uma grande responsabilidade. Estou entusiasmado e motivado para começar esta nova fase da carreira», afirmou.
Na natação, Diogo Ribeiro brilhou no Campeonato do Mundo de juniores ao conquistar três medalhas de ouro e um novo recorde do Mundo nos 50 m mariposa. O nadador de 18 anos tem uma capacidade fora do comum para se focar num objetivo, trabalha imenso para isso e os resultados estão à vista. «Estava à espera de quatro medalhas, faltou os 100 livres, mas não esperava três de ouro. Foi bastante bom, é uma motivação muito grande para trabalhar. Espero que o futuro seja ainda mais brilhante e possa ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos», afirmou o atleta do Benfica, acrescentando que «já tinha o recorde na cabeça», referindo-se à melhor marca mundial nos 50 metros mariposa. Diogo Ribeiro sonha agora com a presença em Paris 2024, visto que já tem os mínimos olímpicos para participar. 
Gustavo Ribeiro começou a andar de skate aos cinco anos, quando o tio lhe ofereceu um como prenda de Natal, e, aos 11, já sonhava em ser o melhor skater do mundo. Alcançou o seu objetivo aos 21 ao vencer o circuito Street League de Skateboarding, derrotando os grandes nomes da modalidade. «Este resultado traduz todo o trabalho que tive. Conquistar o título mundial é o concretizar de um sonho, temos sempre de acreditar em nós. Se a mente diz que sim, ninguém pode negar», declarou logo após realizar a espetacular manobra que lhe deu a vitória. O skater português já está focado nos próximos desafios: «Espero subir ao pódio e manter a liderança do ranking no campeonato do mundo que se realiza no início de 2023». 
Também o jovem Gonçalo Pereira, de apenas 11 anos, é uma das revelações do ano ao sagrar-se campeão mundial de kickboxing. O atleta da Associação de Kickboxing e Muaythai de Felgueiras é também o atual campeão nacional na sua categoria. 
Acelerar para os títulos
Na área do desporto automóvel e karting também houve grandes revelações este ano. Depois da passagem pelo karting, onde obteve 15 títulos em seis épocas, Guilherme Oliveira deu o salto para os automóveis e, aos 17 anos, sagrou-se vice-campeão europeu nos protótipos na categoria LMP3. O piloto perdeu o título a 11 minutos do fim de uma corrida de resistência de quatro horas, mas ficou a sua marca. Ainda não tem carta de condução, mas conduz carros a 300 km/h e ganha corridas a pilotos mais experientes. O seu objetivo é fazer carreira nas provas de resistência. «Sou um piloto em construção, mas bastante frio. Tenho apenas dois anos de competição nos automóveis e cometo poucos erros, raramente tenho um acidente e não é por andar devagar é por ter a noção do que faço, mas sei que me falta experiência para poder ficar melhor e ser um piloto completo», mencionou.
Aos 11 anos, Martim Marques venceu as Finais Rotax, realizadas no Kartódromo Internacional do Algarve, e sagrou-se campeão do Mundo na categoria Micro Max perante a oposição de 36 pilotos, todos campeões dos respetivos países. Na corrida decisiva largou da 11.ª posição e garantiu a vitória na penúltima volta. Ainda antes, Martim Marques já tinha conquistado tudo o que havia para ganhar em Portugal.   
Estes são apenas alguns exemplos do excelente trabalho que se faz em Portugal a nível das camadas jovens. Importa salientar que estes resultados aparecem graças à determinação, confiança e caráter dos jovens que, em muitos casos, só conseguem treinar e competir em prejuízo da sua vida pessoal.