O amor nunca desaparece…

Se agora cada um de nós parar e pensar não na sua vida, mas na vida de alguém próximo – do trabalho, dos amigos, dos vizinhos – começa a encontrar um movimento de amor. Trata-se de um esvaziamento das preocupações da minha vida para começar a assumir em mim, também, as preocupações dos demais.

Falta, ainda, uma semana para o Natal… O Papa Francisco pediu que tivéssemos, este ano, um Natal menos centrado nas prendas e nas festas e mais centrado no essencial: o Outro!
O Outro, que é Jesus, e o outro que somos nós.
Diz o Apóstolo São João que «a Deus nunca ninguém o viu, o Filho Único que está no seio do Pai é que O deu a conhecer». O Outro é Cristo, o Messias. O Outro é Aquele que assume a nossa carne e experimenta todas as nossas misérias e todos os nossos limites até à morte. Ele «não está incapaz de se compadecer dos nossos sofrimentos» e, por isso, não só se debruça lá de cima do céu, mas assume em Si mesmo o sofrimento das multidões e, por isso, diz: «Este é o cálice do meu sangue que será derramado por muitos».
É Cristo, o Messias, quem nos revela o amor do seu e nosso Pai!
Não deixa de ser curioso que este Outro que vive no seio do Pai se faça um de nós para experimentar em si o que nos habita.
Este movimento de entrar na vida do homem, assumindo em si todos os nossos padecimentos, é o Amor! O Amor não é um sentimento, mas um movimento de mim para o outro.
Tal como o nosso Deus assume em Si mesmo a nossa carne e todos os os nossos sofrimentos, percebemos que amamos quando nos debruçamos sobre os outros e assumimos em nós os seus sofrimentos.

Se agora cada um de nós parar e pensar não na sua vida, mas na vida de alguém próximo – do trabalho, dos amigos, dos vizinhos – começa a encontrar um movimento de amor. Trata-se de um esvaziamento das preocupações da minha vida para começar a assumir em mim, também, as preocupações dos demais.
Este esvaziamento de si mesmo pode levar à entrega total da vida, esquecendo-se de si e colocando-se ao serviço dos outros. A este movimento, como referi, chamo Amor. Porque o Amor é esse movimento de assumir em mim o que não é meu!

Falta, ainda, uma semana para o Natal… e podemos todos sair de nós mesmos e pensar naqueles em quem não costumamos pensar… Porque há gente a quem todos os anos oferecemos um presente e também há gente de quem nunca nos lembramos…
O Papa lembra-nos a quantidade de homens e mulheres e crianças, jovens e velhos, que este ano vão viver na Ucrânia uma escuridão enorme! É necessário pensar nestes homens e nestas mulheres que estão às escuras e que também vão ter Natal…
Eu, por mim, tenho pensado muitas vezes nos russos… Sim, nos russos… Porque não vivem a escuridão elétrica, mas uma escuridão interior… O que sentirá uma mãe e um pai neste Natal ao sentir que o seu filho pode não mais voltar a casa. A escuridão de quem nem sequer tem o poder de dizer que não quer ir à guerra…

É necessário debruçarmo-nos sobre os outros, esquecendo-nos de nós…
Hoje, perto de nós, há gente que vive uma escuridão!
Hoje, perto de nós, há companheiros e amantes que vivem numa solidão profunda!
Talvez seja este o Natal para começarmos a pensar naqueles em quem nunca pensamos…
Temos de dizer no interior mais intimo de nós mesmos: «É bom amar!».
No meio de tantas notícias com guerras e subornos, roubos, mortos, cheias, pode até a nossa alma pensar que não vale o Amor… que o Amor é apenas uma ação que sai da pena do poeta expressa em versos do pensamento…
É preciso dizer o que é, realmente, o Natal… é possível o amor! É possível um Deus esquecer-se totalmente de si mesmo para ir à procura daqueles que andam longe e se esgotam nas suas solidões… É bom, também, saber que, mesmo que me esqueça dos outros, Ele nunca se esquece de mim… Porque o Amor nunca desaparece…