Futebol português engana

Os adeptos consideram que o futebol português é lento e pouco interessante, a Liga Portuguesa revela dados que contrariam essa perceção.

Um estudo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) revela que o tempo útil de jogo na presente temporada está ao nível do que aconteceu nas principais ligas europeias, as chamadas Big Five, na época anterior. Segundo os dados do organismo responsável pela organização das competições profissionais, a média de tempo útil em 2021/22 foi de 50,2% e esta época subiu para 55,5 %, o que representa um aumento de 5,4%. Curioso verificar que os clubes portugueses quando participaram na Liga dos Campeões a época passada tiveram jogos com mais tempo útil do que na liga portuguesa. 

Considera-se tempo útil de jogo o tempo total resultante da soma do tempo em que cada equipa tem a bola. Reflete os minutos em que a bola está efetivamente em jogo e  quando a bola está ou poderá estar em condições de ser jogada. A recolha de dados é feita em tempo real, sendo depois certificada. Os fatores que condicionam o tempo de jogo,  o chamado tempo não útil, são as faltas – é o que mais contribui para as paragens – seguido dos lançamentos de linha lateral, pontapés de canto e de baliza. Os golos, as substituições e o recurso ao videoárbitro,  como são mais raros durante o jogo, acabam por ser os fatores que roubam menos tempo útil a cada jogo.

A melhoria deve-se, em parte, ao trabalho de sensibilização realizado na pré-época junto de todos os intervenientes do futebol. O tempo útil de jogo (55,5%) da liga portuguesa, à 13.ª jornada, é superior aos valores da época transata do campeonato alemão (54,8%), italianos (54,3%), inglês (53,6%) e espanhol (52,6%), apenas o campeonato francês apresentou um tempo útil de jogo superior ao nosso (55,7%). A título de exemplo, podemos dizer que o jogo Benfica-Gil Vicente (13.ª jornada) teve o melhor registo,  68,9% de tempo útil e 65 minutos de média de tempo útil, seguido pelo Sporting-Rio Ave (2.ª jornada) com 67,9% de tempo útil e 63 minutos de tempo útil, a partida com pior registo foi o Portimonense-Boavista (1.ª jornada) onde se registou 60,8% de tempo útil de jogo e 60 minutos de tempo útil.

A média foi subindo de jornada a jornada, isso levou a que não tivesse havido nenhuma jornada em que os valores de todos os jogos tivesse sido inferior ao valor registado na época anterior (50,2%). O diretor executivo da Liga Portugal, Tiago Madureira, considera estes valores «muito animadores», embora reconheça que «pode haver melhorias.

Continuamos a ter números abaixo do que gostaríamos, mas tem havido um esforço conjunto de treinadores e de árbitros nesse sentido», disse o responsável da LPFP.

A Liga registou 1,36 milhões de espetadores nas primeiras 13 jornadas da primeira liga, o que representou um acréscimo de 88,5% em relação à época anterior, que no início esteve condicionada pelas apertadas regras de de saúde pública impostas pela covid 19.

O organismo que tutela o futebol nacional confirmou também a centralização dos direitos televisão a arrancar até à época 2027/28, com os regulamentos audiovisuais e de controlo técnico a serem divulgados no próximo ano.

Outro tema onde houve evolução foi na justiça desportiva, que está mais célere do que nunca. De acordo com a LPFP, a implementação do modelo de exclusividade da Comissão de Instrutores permitiu a redução do processos pendentes que passou de 18 para dois na segunda metade do ano. O prazo médio de instauração dos processos foi reduzidos dos clássicos 88 dias para um terço desse tempo.  A Liga quer também um ‘Espetáculo seguro e atrativo’, e vai avançar com bilhetes nominativos, o que na prática significa que todos os adeptos que vão ao estádios vão estar identificados.