Tempo. Chuva regressa em força amanhã e não dá tréguas no fim de ano

“O tempo continuará ameno com temperaturas elevadas, isto é, com valores acima do normal tendo em conta a estação do ano”, diz o geógrafo Alfredo Graça.

Tempo. Chuva regressa em força amanhã e não dá tréguas no fim de ano

Se tem planos para a passagem de ano, poderá ter de os alterar: é que a chuva regressará amanhã e não deverá ir embora no final de 2022. Quem o diz ao i é Alfredo Graça, geógrafo e editor-chefe da Meteored Portugal.

“Hoje será um dia de relativa ‘calma’ meteorológica em Portugal continental, com períodos nublados, abertas e possibilidade de alguns aguaceiros fracos e irregulares na Região Norte”, começa por explicar, adiantando que “a partir de quarta-feira, dia 28, prevê-se que a chuva regresse em força a grande parte do nosso país graças à chegada de sucessivas frentes atlânticas, às quais estará associada uma intensa circulação de vento de Sul/Sudoeste”.

“Segundo o modelo ECMWF, a precipitação está prevista para as Regiões Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo e nalgumas áreas do Alto Alentejo (distrito de Portalegre)”, acrescenta, avançando que se espera “que seja particularmente abundante e persistente no Noroeste do país e no litoral Centro, isto é na faixa territorial compreendida entre os distritos de Viana do Castelo e Leiria”.

“Os períodos de chuva e de aguaceiros poderão prolongar-se quase até às primeiras horas da madrugada de sábado, dia 31”, sendo que “na Região Sul praticamente não se prevê precipitação, que caso aconteça será residual”. Quanto às temperaturas, a mínima prevista mais baixa é de 2ºC em Bragança hoje e amanhã, enquanto a máxima é de 22ºC em Faro, amanhã.

As chuvas que se fizeram sentir até ao dia 19 de dezembro levaram a que as 79 albufeiras portuguesas monitorizadas estivessem a 77% da capacidade, correspondendo esta percentagem a um aumento global de 11,8% de água, relativamente à semana anterior. Destas, 42 estavam com 81 a 100% da capacidade, 15 com 61 a 80%, e duas com 41 a 50%, como deu a conhecer a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), no último boletim divulgado.

Como o i noticiou há uma semana, como foi indicado pela APA, no seu boletim semanal de disponibilidades hídricas das barragens, a precipitação que tem afetado Portugal, nomeadamente entre 12 e 14 de dezembro, levou a que a água subisse aproximadamente 785 hm3 em 71 das 80 albufeiras monitorizadas por aquela entidade, permitindo que ficassem a 72% da capacidade total de armazenamento. Ou seja, diversas reservas de água já haviam recuperado, como as bacias hidrográficas do Vouga (+20%), do Mondego (+14%), do Tejo (+17%), do Sotavento (+10%) e do Guadiana (7%).

Risco de cheias “O tempo continuará ameno com temperaturas elevadas, isto é, com valores acima do normal tendo em conta a estação do ano, praticamente até ao fim de ano”, sublinha, realçando que nos arquipélagos poderemos contar com a temperatura máxima de 21ºC no Funchal, na Madeira, nos dias 27, 30 e 31 e mínima de 15 °C no dia 29.

Em Ponta Delgada, nos Açores, a temperatura máxima será de 18 °C nos dias 29 e 30 e a mínima de 11 ° C no dia 31.

“No sul do país, especialmente no Algarve e em grande parte do Alentejo praticamente não choverá. Em Faro, por exemplo, espera-se céu, em geral, pouco nublado, alguns dias de sol e temperatura máxima a rondar 18 °C/20 °C ao longo desta semana”, declara Alfredo Graça. “A Sul do Tejo, a precipitação será escassa e quase confinada ao Alto Alentejo, tendo em conta a atual previsão dos modelos meteorológicos”, observa, notando, no entanto, que “o risco de cheias existe nas áreas com solos saturados pelas chuvas fortes das últimas semanas e também nas áreas com elevada impermeabilização, em áreas historicamente vulneráveis”. 

“Os dias em que essa ocorrência tem maior probabilidade são quarta e quinta-feira, quando se prevê maior quantidade de precipitação e alguns picos de precipitação. Isto também depende da prevenção e da preparação nas áreas que já se sabe que são potencialmente inundáveis”, continua. “Não será de descartar a ocorrência de trovoada, mas sendo esse fenómeno meteorológico sempre incerto e muito complexo de prever quanto ao ‘onde irá ocorrer’, há apenas que ter em conta a sua possibilidade e seguir atentamente os mapas de radar”. 

“Caso ocorra trovoada, tomar as devidas precauções. Por exemplo, jamais deverá procurar abrigo debaixo de árvores. Isso é muito perigoso”, lembra. Relativamente ao vento, “soprará moderado, pontualmente forte de Sul/Sudoeste, entre os dias de quarta e sábado, quando se prevê precipitação. Nos outros dias prevê se vento fraco, de direções variáveis”.

Notícia atualizada às 10h40 do dia 27 de dezembro de 2022