O problema e a solução somos nós

por Carla Rodrigues Cardoso Diretora de Licenciatura em Comunicação e Jornalismo Mestrado em Estudos em Jornalismo e Media Investigadora do CICANT Universidade Lusófona Ai, o ‘sistema’! O culpado de todos os nossos problemas. E nada podemos contra o sistema, não é? Temos de saber viver em sociedade. E o que é isso de sociedade? Uma…

por Carla Rodrigues Cardoso
Diretora de Licenciatura em Comunicação e Jornalismo
Mestrado em Estudos em Jornalismo e Media
Investigadora do CICANT Universidade Lusófona

Ai, o ‘sistema’! O culpado de todos os nossos problemas. E nada podemos contra o sistema, não é? Temos de saber viver em sociedade.

E o que é isso de sociedade? Uma organização que visa objetivos comuns. Constituída por… Pessoas. Ora, se assim é, cada pessoa conta. Como todas as peças de um puzzle, se queremos que a imagem final surja no seu esplendor. Estamos mesmo interconectados. O que cada pessoa faz, influencia as pessoas que a rodeiam, que por sua vez irão influenciar outras, e assim por diante.

Mas há uma enorme diferença entre viver numa sociedade com liberdade de expressão e numa sociedade sem liberdade de expressão. Nesta última, contrariar o ‘sistema’ é coisa mais complexa e que pode significar perigo de vida. A opção existe, mas a coragem necessária esbarra no instinto de sobrevivência.

Quem vive em liberdade de expressão não se vê perante dilemas tão extremos. Então, porque nos calamos? Porque baixamos os braços? Porque não lutamos contra o ‘sistema’ que nada mais é que o conjunto de decisões que algumas pessoas foram tomando e que regem as nossas vidas?

«O que me assusta não são as ações e os gritos das pessoas más, mas a indiferença e o silêncio das pessoas boas», afirmou Martin Luther King Junior. Pois é. É isso mesmo. E é isso mesmo de várias formas diferentes.

«Ai, tantas mulheres juntas! Deve ser só conversa!», diz o diretor ao passar, enquanto lança um simpático e rasgado sorriso às assessoras. Resposta em uníssono: «Pois é!», de sorriso também rasgado. Hmmm… Mulheres igual a ‘só conversa’. Pergunta-se a cada uma das pessoas envolvidas se concordam com a igualdade estabelecida. Todas respondem que não – diretor incluído. Tudo aconteceu de forma ‘automática’, inconsciente, explicam.

Quando algo parece errado, calar, ignorar, fingir não ver, nada fazer, são tudo opções possíveis. Cada pessoa faz o que bem entender. Em liberdade temos e, por isso, fazemos opções. E arcamos com as consequências. O ‘sistema’ somos nós. Por isso, todos os problemas, incluindo os que pensamos serem dos outros, são nossos. Nunca é de mais lembrar que o outro é aquilo que nós somos para todas as outras pessoas.

Amanhã começa 2023 e encontrar soluções só depende de cada um de nós. Temos o privilégio de ser livres.