Visita de ministro israelita ao Monte do Templo inflama tensões

Para o Hamas, este cenário era uma linha vermelha. Netanyahu garante que as regras não mudaram.

Visita de ministro israelita ao Monte do Templo inflama tensões

A visita de um ministro israelita à santa mesquita de al-Aqsa deixou os palestinianos furiosos, criando risco de uma escalada das hostilidades na Faixa de Gaza. Ainda por cima não foi um ministro qualquer, foi Itamar Ben-Gvir, um nacionalista judeu condenado por incitação ao ódio contra os árabes, nomeado ministro da Segurança Nacional pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A visita ao terceiro local mais sagrado para o Islão, que durou cerca de 15 minutos, sob a vista de uma pesada escolta armada, decorreu sem incidentes. No entanto, a ida de judeus ao Monte do Templo – estando estabelecido que podem ir, mas não rezar – trata-se de uma linha vermelha para o Hamas, o grupo jihadista que governa a Faixa de Gaza. “O nosso Governo não se irá render às ameaças do Hamas”, prometeu Ben-Givir, em comunicado. Não é a primeira vez que causa uma escalada nas tensões em Jerusalém, tendo até surgido na cidade de pistola em punho, em plena campanha, ameaçando manifestantes que protestavam contra despejos de palestinianos.

A sucessão de disparos de foguetes dos Hamas em 2021, seguida de devastadores bombardeamentos israelitas, foi despoletada pela repressão dos protestos em Jerusalém. Sendo que os cinco anos de derrame de sangue durante a Segunda Intifada também começaram com uma polémica visita do então primeiro-ministro Ariel Sharon ao Monte do Templo, em 2000.

Já Netanyahu – que depende dos nacionalistas judeus para se manter no poder após as eleições de novembro, através das quais voltou a obter imunidade contra as investigações por corrupção de que é alvo – veio a público assegurar que não haverá qualquer mudança nas regras quanto às orações no Monte do Templo. Isto apesar do seu ministro da Segurança Nacional ter tweetado que “o Monte do Templo está aberto a todos”.

Durante o Ano Novo, o primeiro-ministro lançou um discurso onde se queixava das Assembleia-Geral das Nações Unidas e de uma resolução contra a ocupação de território palestiniano, adjetivando-a como “desprezível” e descrevendo Jerusalém como a “eterna capital” dos judeus, apesar de tal não ser reconhecido pela comunidade internacional.