BdP. Famílias endividadas de menor rendimento terão maior dificuldade

Alerta em relação ao aumento dos preços e das taxas de juro.

A subida da inflação e das taxas de juro afeta os orçamentos familiares, no entanto, o Banco de Portugal admite que "o seu impacto é diferenciado consoante as características das famílias, em particular o seu nível de rendimento. O impacto do aumento acentuado dos preços dos bens alimentares e energéticos é mais marcado para as famílias de menor rendimento, refletindo o maior peso destes bens no seu cabaz de consumo".

E garante que as famílias com dívida a taxa variável (cerca de 30% do total de agregados familiares) são especialmente afetadas pelo choque de taxa de juro. 

"A informação granular dos inquéritos às famílias, com destaque para o Inquérito à Situação Financeira das Famílias de 2020, foi utilizada para simular o impacto distributivo destes choques na situação financeira das famílias. Para 2023, projeta-se um aumento médio do rendimento disponível das famílias endividadas semelhante em todos os quintis, em torno de 6%. Para as famílias com dívida dos quintis de maior rendimento, a variação do rendimento permite manter o volume de consumo de bens alimentares e energéticos e satisfazer o serviço da dívida, sem pôr em causa outro tipo de despesas", acrescenta o regulador.

E diz ainda que para "as famílias endividadas dos dois quintis inferiores de rendimento – que representam 7,5% do total de famílias – a variação média do rendimento não cobre os aumentos da despesa em bens alimentares e energéticos e do serviço da dívida, implicando um ajustamento mais exigente".