TAP. Pilotos pedem auditoria após cheque de 450 euros a diretores

Em causa está a atribuição deste montante aos diretores que ficaram sem carro, após contrato de renovação ter sido cancelado devido à polémica.

O Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC) pede uma auditoria urgente à gestão da TAP e a rápida conclusão do relatório da IGF [Inspeção-Geral de Finanças]”, após a atribuição de uma compensação de 450 euros a diretores que ficaram sem BMW, para usar numa plataforma eletrónica de transporte. “A notícia divulgada pelo jornal Correio da Manhã sobre a compensação de 450 euros para diretores da TAP que ficaram sem BMW, para utilizarem na plataforma Uber, é apenas mais um ato lamentável que se vem juntar a todos os outros já denunciados pelo SPAC”, disse, em comunicado.

A companhia  esclareceu que se trata de uma “solução transitória” e lembrou que está a “rever a política interna de mobilidade”. Curiosamente, o site ECO revelou que, em maio deste ano, a Uber contratou Lúcia Cavaleiro que assumia a coordenação de comunicação da Safety na TAP Air Portugal, para diretora de comunicação desta plataforma de transportes.

De acordo com a estrutura sindical liderada por Tiago Faria Lopes, “mais uma vez, estamos perante um ato de gestão que revela uma incoerência e um desnorte total por parte desta administração e que leva a TAP, consecutivamente, para as manchetes dos jornais pelos piores motivos”, pedindo ao novo ministro das Infraestruturas, João Galamba, a “arrumar a casa rapidamente, na defesa dos interesses da TAP, dos seus trabalhadores, do país e dos contribuintes”.

Este caso junta-se a outros como, os “processos de indemnizações com cálculos mal explicados, as mentiras à CMVM e aos trabalhadores, as contratações consecutivas e duvidosas de quadros para a companhia, as encomendas dos carros depois suspensas, a mudança de instalações, os cortes salariais que não foram aplicados à CEO [presidente executiva] e elementos da administração (enquanto os restantes trabalhadores mantêm cortes de 25%)”, tal como já tinha sido admitido em entrevista ao Nascer do SOL.

“Do ponto de vista da ética e legitimidade destas medidas, consideramos que enquanto houver trabalhadores com perda de condições, não deveria haver melhoria nas condições de outros, sem que tenha havido uma renegociação das suas condições de trabalho, tal qual está a ser imposto aos restantes trabalhadores com a denúncia dos seus acordos de empresa”, apontou o SPAC.

Tripulantes em greve

No mesmo dia, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) avançou que irá entregar esta terça-feira o pré-aviso de greve. E, ao contrário do que tinha sido inicialmente avançado, a paralisação será de sete e não de cinco dias.  “Apelo, desde já, à adesão de todos para que, mais uma vez, possamos dar nota cabal à empresa da nossa união em torno do descontentamento relativamente às matérias abordadas e deliberadas na AG (Assembleia Geral) de dia 3 de novembro, que constituem as nossas reivindicações legítimas e responsáveis”, diz a nota.

Estes dias juntam-se à paralisação já realizada nos dias 8 e 9 de dezembro, o que levou ao cancelamento prévio de 360 voos, de acordo com a informação avançada pela presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, com um impacto estimado de oito milhões de euros.

Em causa está o braço de ferro nas negociações entre a administração da empresa e os tripulantes dos novos acordos de empresa (AE). A conversa entre a administração da transportadora e os trabalhadores começou a 14 de outubro, quando a TAP denunciou o atual AE e propôs um novo modelo que, na ótica do SNPVAC, é “indigno e inqualificável”.