Igreja preparada para “tomar medidas” quando receber dados sobre abusos

O relatório será apresentado a 13 de fevereiro, em Lisboa, sendo entregue um dia antes pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht. 

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse estar preparada para "tomar medidas adequadas" que se imponham pelo relatório da Comissão Independente, que estuda os casos de abusos na Igreja.

Esta terça-feira, o secretário da CEP, padre Manuel Barbosa, disse que a "expectativa é a de que façam um estudo sério, independente e com toda a competência", esperando assim pelos resultados. "Portanto, a expectativa é o que surgir depois no relatório. Neste momento não temos dados, ninguém os tem", acrescentou.

Segundo o padre Manuel Barbosa, "a expectativa será de que daí [do estudo] surjam elementos que nos permitam continuar a tomar medidas, e medidas novas, para que este flagelo, este drama, se erradique da vida da Igreja o mais possível".

O relatório será apresentado a 13 de fevereiro, em Lisboa, sendo entregue um dia antes pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht. 

No dia da apresentação, a CEP emitirá um comunicado com a sua primeira reação. 

Para 3 de março, está convocada uma Assembleia Plenária do episcopado católico português, para uma análise mais profunda do documento preparado pela Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica Portuguesa.

"O que vier, nós estaremos preparados para tomar medidas adequadas. Vamos esperar com toda a serenidade e confiança no trabalho da Comissão" sublinhou o padre Manuel Barbosa.

A comissão integra o pedopsiquiatra Pedro Strecht, o psiquiatra Daniel Sampaio, o antigo ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, a socióloga Ana Nunes de Almeida, a assistente social e terapeuta familiar Filipa Tavares e a realizadora Catarina Vasconcelos e começou a receber testemunhos no dia 11 de janeiro de 2022 e, no dia 15, menos de uma semana depois, já validara 102 dessas denúncias – sendo que as queixas as queixas apresentadas não têm um limite máximo de tempo.

Meses depois, em 11 de outubro, a Comissão Independente, naquela que foi a sua última comunicação pública de dados, anunciou que já validara 424 testemunhos, assumindo que a maior parte dos crimes reportados já prescrevera. Dezassete dos casos, contudo, haviam sido já comunicados ao Ministério Público.