Foi você que pediu um escândalo governamental?

Já se percebeu que António Costa deve andar mais preocupado com o forrobodó do seu Governo do que em governar o país, pois os disparates que diz e faz são pouco consentâneos com os famosos momentos da ‘Geringonça’.

O Governo, já se sabe, cada vez mais faz lembrar o célebre anúncio do Porto Ferreira, penso que dos anos 70/80. Só que com um novo argumento! No reclame – era assim que se dizia antigamente – alguém falava: «Foi você que pediu um Porto Ferreira?», vendo-se depois imagens de pais, filhos, irmãos, cunhados, primos de primos e por aí fora, a entrar e sair de uma casa. Se a memória não me atraiçoa, era mais ou menos isto o anúncio. Com o Governo é mais do género: «Foi você que pediu um ministro ou um secretário de Estado envolvido em escândalos?», tantos são os casos que diariamente saltam para as páginas dos jornais.

Já se percebeu que António Costa deve andar mais preocupado com o forrobodó do seu Governo do que em governar o país, pois os disparates que diz e faz são pouco consentâneos com os famosos momentos da ‘Geringonça’. Será que o primeiro-ministro tem saudades desse tempo? É possível que sim. Ah! Voltando ao Porto Ferreira, no anúncio apareciam vários familiares que pediam o famoso vinho do Porto, no Governo são muitos os familiares que se juntam no Governo, nas câmaras e nos negócios em geral para pedirem uma negociata que acrescente uns cobres às suas contas.

O pior disto tudo é a desacreditação da política aos olhares do comum dos mortais. «São todos iguais, querem é encher-se», está nas bocas do povo. Quando se pensa que os escândalos pararam, logo aparece outro e nisto o Bloco Central está muito bem representado. Como foi possível o PSD esperar tanto tempo para correr com um dos seus vice-presidentes parlamentares envolvido num escândalo financeiro? O personagem em causa até pode ser inocente, à semelhança de tantos outros acusados nestes últimos dias, mas mandava o bom senso que o antigo presidente da Câmara de Espinho suspendesse imediatamente o seu mandato, regressando, se fosse o caso, quando tudo estivesse resolvido. Mas quando temos uma antiga secretária de Estado que foi trabalhar para uma empresa que tinha recebido ajudas suas enquanto governante e só se despediu uma semana depois, está tudo dito. Bem, quase. E a secretária de Estado que tinha recebido uma indemnização de 500 mil euros e continuava a assobiar para o ar? Bem, já sabemos. Há mesmo muita gente a pedir um Porto Ferreira, perdão, a pedir um arranjinho!

Para finalizar esta questão da política caseira, o que dizer da ministra da Agricultura, que não consegue nomear um secretário de Estado? Depois da anterior ser corrida, será que se descobriu que a ministra dá conta do recado sozinha?

P.S. 1 – Vivemos mesmo tempos estranhos. Em Portugal, um país com quedas de natalidade assustadoras, vende-se ao mundo a imagem de maternidades a fechar. Mas não há ninguém no Governo que tenha a mínima noção de como isto é o fim da linha? Contratem obstetras cubanos, ucranianos, o que quiserem.Mas não mostrem maternidades fechadas.

P.S. 2 – A telenovela do príncipe Harry está ao nível das trapalhadas governamentais. O menino brinca com as histórias de guerra no Afeganistão, depois fala mal do pai, do irmão, da madrasta e do periquito e de seguida pede colinho paternal. Não sei o que anda a beber, mas devia mudar de bebida. E, claro, fala de racismo como se fosse o Mamadou Ba… Um tonto que entrou numa novela mexicana e ainda não percebeu que quando deixar de dar sumo, leia-se dinheiro, os americanos viram-lhe as costas.

P.S. 3 – Os brasileiros gostam mesmo de imitar os américânos. Trump não foi à tomada de posse de Biden, Bolsonaro fez o mesmo com Lula. Os trumpistas invadiram o Capitólio, os bolsonaristas fizeram o mesmo em Brasília. Esperemos que a Justiça faça o que tem a fazer e prenda os trogloditas que não sabem viver em democracia. Ah! Os bolsonaristas conseguiram ainda fazer esquecer o primeiro escândalo do Governo de Lula. Pior é impossível.
vitor.rainho@nascerdosol.pt