Vão continuar a matá-las?!

Ainda existe muito por fazer, quando sobreviventes de violência doméstica fazem queixa para serem apadrinhadas com um aparelho de teleassistência como meio de proteção e são mortas a seguir.

Nós somos mais importantes do que todos pensam. Se os números do nosso país, não vos afetam, então vou dar-vos os do país vizinho. Espanha que é dos países mais empenhados a combater a chaga da violência doméstica acabou o ano, com um total de 49 vítimas mortais, com uma população de 47 milhões de pessoas.

Portugal, encerrou o ano, com falta de sensibilização, proteção e meios e com um estrondoso número de 32 vítimas mortais em contexto de violência doméstica com uma população de 10 milhões de habitantes.

Ainda existe muito por fazer, quando em processos iniciados e crianças com estatuto de vítima são subtraídas por um dos progenitores. Ainda existe muito por fazer, quando sobreviventes de violência doméstica fazem queixa para serem apadrinhadas com um aparelho de teleassistência como meio de proteção e são mortas a seguir. Ainda existe muito a fazer, quando continuarem a persistir na ideia de que a violência doméstica é um problema menor, comparado com os outros problemas, pelo facto de a mulher estar sentada como a potencial ‘vítima’ e no banco dos réus estar o homem, como ‘agressor’. Ainda existe muito por fazer, enquanto continuarmos a achar que problemas relacionados com os bens patrimoniais, valem mais que a vida das mulheres e crianças deste país.

Ainda existe muito por fazer enquanto não educarmos as nossas crianças, tanto os rapazes como as raparigas, nas escolas, desde pequenos.

Ainda existe muito por fazer quando se acha que ser mulher neste país onde morreram 32 pessoas, a maioria, mulheres, não é ser-se uma revolucionária por si própria.

Espanha, apesar de ter das legislações mais avançadas do mundo, reconhece que ainda está a falhar nesta matéria. Urge, apelar para a consciência social do problema. Temos de estar atentos e atentas ao que se passa em nosso redor. As crianças deviam ser incentivadas na escola a contar sobre qualquer situação que se passe em casa a este nível como a qualquer nível de abuso físico ou sexual. A nossa consciência e pró atividade é demasiado importante para apenas observarmos números e tirarmos daí conclusões devastadoras.

Nós construímos o país em que queremos viver. O nosso hino já mudou há muito tempo. Há muito tempo que as mulheres, crianças e em minoria homens, sobreviventes e vítimas neste flagelo, têm algo heroico para contar. Pelo que passaram, ultrapassaram ou pelo que continuam a passar.

Continuamos a apelar aos ‘heróis do mar’, enquanto mulheres sem meios, lutam pelos seus filhos e são heroínas sem lar!