Quem são os aliados dos extremistas?

A verdade é que o líder do Chega mais não faz do que aproveitar-se do ‘abandalhamento’ da Política por parte daqueles que não a deviam deixar abandalhar!

As atuais forças extremistas têm dois aliados essenciais no seu crescimento: A hipocrisia dos políticos do ‘centrão’, por um lado, e a degradação da ideia de ‘bem comum’ na governação, por outro.

Afinal, como se escolhe o pessoal político? O ministro das Finanças disse, recentemente, que escolheu a anterior secretária de Estado do Tesouro por indicação de terceiros, e que apenas estivera com a Senhora uma vez. É assim que se escolhe um governante? Naturalmente que o Povo espera que exista outro rigor. Não é suposto haver um ‘caminho das honras’ por parte de quem desempenha lugares públicos? 

O que pensa a ex-secretária de Estado sobre o programa do Governo na área das finanças públicas? O ministro disse que não a conhecia bem. A Senhora concordava com o programa aprovado, ou defenderia qualquer um? 

Há algumas semanas, um deputado do PSD disse ao líder do Chega que «vocês querem transformar isto numa taberna, mas não vamos deixar». Não posso estar mais distante do líder do Chega e mais próximo dos princípios subjacentes à afirmação do deputado do PSD. Todavia, a verdade é que o líder do Chega mais não faz do que aproveitar-se do ‘abandalhamento’ da Política por parte daqueles que não a deviam deixar abandalhar!

O que aqui se escreve nada tem de novo, apenas comenta novos episódios de uma história que se repete e que agrava a crise de um sistema democrático liberal, que parece incapaz de se regenerar.

O Povo não tolera tudo, particularmente quando sente que a bolha política está afastada dos seus problemas reais. As pessoas não votam nos extremos por masoquismo. Desenganem-se: para além dos ‘fanáticos religiosos’, que amam os seus líderes extremistas como ‘Deus na Terra’, a maior parte dos eleitores destes partidos não são seus, são os dececionados que os partidos convencionais continuam a dececionar.

Quando os jovens sentem que Portugal não tem lugar para si, quais as ações que convencem os jovens a ficar? Há alguns dias, ouvi um jovem dizer, num vídeo, a respeito da política de habitação jovem do Município de Oeiras, que sente «que lhe estão a ser dadas oportunidades que aos seus amigos [residentes noutros Concelhos] não são». 

Mais de 70% dos portugueses auferem menos de 1000 euros mensais, esse ordenado serve para comprar casa e ter filhos nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto? Deixamos a resposta ao critério de cada um.

Sentir que os políticos estão a pensar nas necessidades das populações gera sensação de pertença e respeito pelas instituições. Sentir que os políticos desprezam as suas necessidades gera o efeito inverso. 

As políticas públicas seguidas, nas últimas décadas, servem para ultrapassar este contexto? Voltamos a deixar a resposta ao critério de cada um.

As tendências políticas internacionais costumam chegar a Portugal ao retardador. A ascensão dos partidos populistas de esquerda e de direita foi assim: BE e Chega chegaram tarde, mas chegaram. Consequentemente, a radicalização das suas esferas tarda mas, se nada for feito, lá chegaremos. 

Os partidos extremistas vivem da agitação e da manipulação das massas, sem estas não crescem, ou sequer sobrevivem.

A violência que aconteceu nos órgãos de poder dos EUA e do Brasil, ou nas ruas de Paris e nos museus de toda a Europa, são ações de grupos extremistas que um dia aqui chegarão. 

O que estamos verdadeiramente a fazer para evitar a degradação do nosso regime? Nada. Os melhores aliados dos grupos extremistas têm estado no poder, são os políticos que deixaram de pensar no Povo.