Portugueses não têm margem financeira devido ao aumento de preços

Inquérito da Euroconsumers revela que a situação económica se agravou para 60% dos portugueses. 46% diz não ter quaisquer poupanças para lidar com a crise, se esta se acentuar.

Mais de metade dos portugueses (60%) diz viver em condições financeiras frágeis em dezembro quando comparando a situação com o início do mesmo ano, devido ao aumento da inflação. Esta é uma das principais conclusões do mais recente inquérito do Grupo Euroconsumers, organização europeia de defesa do consumidor que congrega organizações de vários países, incluindo a portuguesa Deco Proteste, que revela ainda que os portugueses têm feito alterações substanciais nos seus hábitos de consumo, que impactam negativamente a sua qualidade de vida e bem-estar.

Além disso, 26% dos inquiridos assumiu que, no início do ano, chegavam ao fim do mês sem dinheiro mas essa percentagem agravou-se para 30% no último mês do ano passado.

O estudo diz ainda que 1% dos inquiridos não alterou os seus comportamentos de consumo, mas 31% fez ajustes nos gastos em praticamente todas as dimensões analisadas, como a alimentação, atividades culturais, férias e viagens, energia, atividades de lazer e desportivas, e saúde.

“Dado o enorme impacto que os aumentos de preços estão a ter na vida dos consumidores e na economia em geral, é urgente que os decisores políticos e as autoridades analisem de perto as diferentes definições de preços, verifiquem se os custos mais elevados são de facto justificados e tomem medidas se necessário”, diz Els Bruggeman, Head of Policy and Enforcement da Euroconsumers.

Já a Deco Proteste defende “uma análise mais atenta aos preços por parte das autoridades, face ao forte impacto negativo que as consequentes alterações nos comportamentos dos consumidores trazem a curto-prazo, na qualidade e bem-estar das suas vidas”.

“Este é um sinal claro de que o ano de 2023 vai ser um desafio para uma grande parte da população portuguesa, com a inflação e a subida de preços a terem um efeito colateral no bem-estar das pessoas”, diz Rita Rodrigues, diretora de Comunicação e Relação Institucionais da Deco Proteste, acrescentando que “todos têm uma responsabilidade e um papel a desempenhar para minimizar estes impactos, e na verdade o que os consumidores sentem é que os esforços têm sido maioritariamente feitos por eles”.

Esta inquérito incidiu em indivíduos com idades entre os 25 e os 74 anos e mostrou que é nos setores energético e alimentar que os portugueses mais alteraram os seus hábitos de consumo: 93% e 91% dos consumidores mudaram, pelo menos, um comportamento nestas áreas. Deste modo, os inquiridos admitem que todas essas alterações, ainda que imprescindíveis na sua gestão financeira mensal, tiveram um impacto negativo no conforto da sua casa (41%) e na qualidade da sua alimentação (43%).