Troca de cadeiras. Paulo Macedo: o homem forte para liderar a TAP?

O atual presidente da Caixa tem sido um dos nomes apontados para substituir a CEO da TAP. Macedo revolucionou a máquina fiscal, tratou a pulso os problemas da saúde enquanto ministro, mas é na banca que tem mostrado os melhores resultados.

Troca de cadeiras. Paulo Macedo: o homem forte para liderar a TAP?

A TAP continua a viver momentos atribulados e a liderança de Christine Ourmières-Widener não terá um futuro fácil, principalmente depois de ter sido revelado que a companhia aérea que foi liderada pela CEO da TAP, a regional britânica Flybe, entrou em insolvência. Para já, parece estar firme na empresa portuguesa e já acenou mesmo com um prémio no final de 2025 se conseguir concluir com sucesso o processo de reestruturação que, de acordo com o Correio da Manhã, deverá atingir os dois milhões de euros. Mas enquanto a atual líder atravessa esta fase turbulenta há um nome que vai surgindo nos corredores como o melhor gestor para liderar a empresa de aviação: Paulo Macedo, atual presidente da Caixa Geral de Depósitos.

Macedo começou a dar cartas na esfera pública enquanto diretor-geral dos Impostos e presidente do Conselho de Administração Fiscal, sendo um dos rostos responsáveis por ter modernizado a máquina fiscal.

Na altura, o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, admitiu que “as pessoas são importantes”, mas sublinhou que “acima de tudo, é necessário que os serviços funcionem de forma eficiente”, admitindo que foi “o primeiro a reconhecer o mérito do trabalho de Paulo Macedo à frente da Direção Geral dos Impostos (DGCI)”, mas garantiu que “o melhor tributo” que lhe pode ser prestado “não é endeusá-lo, nem transformá-lo num D. Sebastião do sistema tributário, mas reconhecer que mudou a administração”.

Mas a sua verdadeira passagem na política ocorreu com a nomeação para ministro da Saúde, cargo que ocupou de 2011 a 2015 numa altura em que o país enfrentou um resgate financeiro e teve de aplicar o memorando de entendimento com a troika. A meta era simples: controlar à risca os gastos públicos com o Serviço Nacional da Saúde. Um trabalho que o levou a receber críticas mas também elogios quase consensuais à sua capacidade de gestão.

 

Dá cartas na banca Mas foi na banca – primeiro no BCP, em que exerceu parte da sua carreira – que recolheu grandes frutos para a sua reputação. E agora mais recentemente na Caixa Geral de Depósitos, onde está no segundo mandato.

Para trás ficaram anos e anos de prejuízos, declarações como a do ex-administrador José de Matos (que assumiu a liderança da Caixa em 2011) que chegou a comparar o banco público a um “petroleiro difícil de mover” e a polémica autoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015 que obrigaram o banco dirigido agora por Paulo Macedo a fazer profundas alterações: implementar um novo modelo de análise do risco na concessão de crédito, reforçar a independência do responsável máximo pela gestão de risco e criar um rating para fortalecer o controlo das carteiras de crédito a empresas.

Assim que Paulo Macedo assumiu a liderança em fevereiro de 2017, o banco público regressou aos lucros. Nesse ano, a Caixa registou um resultado positivo de 52 milhões de euros, indo ao encontro da promessa do CEO: o banco público só teria resultados positivos quando toda a reestruturação fosse materializada. Um ano em que a instituição financeira se comprometeu em avançar com “medidas profundas de redução de custos” e com a reestruturação das operações internacionais. Em causa estava a diminuição de 2218 trabalhadores e o fecho de 181 balcões.

No ano seguinte, os lucros do banco liderado por Paulo Macedo quase multiplicaram por dez ao atingir os 496 milhões de euros. Um aumento que levou Rui Vilar a garantir que tinha regressado à remuneração acionista. Em causa estava a atribuição de dividendos na ordem dos 200 milhões de euros.

O ano de 2019 marca a CGD ao apresentar o melhor resultado de sempre. A instituição financeira lucrou 776 milhões de euros, o que representou um aumento de 56,5% face ao ano anterior, altura em que apresentou 496 milhões de euros.

A instituição financeira justificou parcialmente o bom desempenho com “o resultado extraordinário de 144 milhões de euros” relacionado com a venda de subsidiárias internacionais, nomeadamente o Banco Caixa Geral (em Espanha) e o Mercantile (na África do Sul). Estas vendas permitiram à CGD a “reversão de imparidades” que tinham sido constituídas em 2017.

O mesmo cenário repetiu-se em 2020 ao apresentar lucros de 492 milhões de euros, ainda assim, uma queda de 36,5% face ano anterior. O banco público reconheceu que esta queda se deveu aos efeitos da pandemia, o que obrigou a instituição liderada por Paulo Macedo a constituir imparidades de 300 milhões de euros.

 A história de lucros voltou a repetir-se em 2021 ao apresentar um aumento dos resultados de 18,7% para 583 milhões de euros. Ainda assim, ficou aquém dos valores apresentados antes da pandemia: em 2019 tinha registado lucros de 776 milhões de euros.

Os resultados referentes ao ano de 2022 ainda não são conhecidos, mas nos primeiros nove meses do ano apresentou um aumento dos lucros de 61% para 692 milhões de euros e o banco público pensa em pagar o “maior dividendo da história” aos contribuintes na ordem dos 286 milhões de euros referente à atividade até setembro.

Mas é certo que a sua fórmula de sucesso está assente na redução da estrutura e no aumento de comissões. Meta essa que raramente se mostra flexível para mudar, como admitem várias pessoas que se cruzaram com ele (ver páginas 4/5). Polémica foi a cobrança de cadernetas, assim como acabar com as isenções de manutenção na generalidade dos produtos. E os números falam por si: só as comissões subiram quase 11% para 459 milhões de euros, no entanto, Paulo Macedo garantiu que não irá aumentar as comissões durante este ano.