Oposição unida na crítica feroz ao bónus de três milhões à presidente da TAP

Partidos apontam o dedo ao Governo e defendem que a ser considerado “ilegal” o bónus não deve ser pago.

Os partidos reagiram, esta quinta-feira, ao valor, dado a conhecer ontem pelo Jornal Económico e pela CNN, do bónus que a CEO da TAP negociou na altura do seu contrato.

Quando foi contratada para CEO da companhia, Christine Ourmières-Widene terá definido condições para que pudesse obter um bónus de três milhões de euros.

No entanto, para contrato poderá apenas ser válido se tiver sido aprovado em assembleia-geral da TAP, o que não terá acontecido.

Sobre a questão, o vice-presidente da bancada do PSD Paulo Rios Oliveira lamentou que sejam constantes as "trapalhadas e embustes" na TAP e questionou "onde estava o dono" da companhia, referindo-se ao Estado, pedindo "consequências políticas".

“Como é possível os ministros das Finanças e das Infraestruturas terem permitido que acontecesse?", perguntou o deputado do PSD, colocando em causa as condições políticas de Fernando Medina para se manter no cargo.

O líder do Chega anunciou que já requereu formalmente esclarecimentos ao Governo, sobre este bónus e quem o autorizou, apontando o dedo ao ministro das Finanças.

"Se houver uma ilegalidade de fundo ou uma invalidade, temos de concluir que esta indemnização não tem de ser paga, mas é fundamental perceber, ao longo do dia de hoje, se as Finanças autorizaram ou não este contrato", disse André Ventura.

Já a deputada bloquista Mariana Mortágua apontou não só um problema de substância, em relação ao bónus, como também de forma.

"De substância, porque qualquer trabalhador da TAP que faça o seu trabalho bem feito recebe o salário com um corte de 20%. A CEO, que recebe um salário anual de 500 mil euros, ainda tem direito a um bónus de três milhões de euros", sublinhou.

Mortágua condenou ainda o secretismo que envolve os contratos e os salários dos gestores.

"Se há prémios que são ilegais e incompreensíveis então a tutela, o Governo, deve ter uma ação, e deve impedir que estes prémios sejam pagos", defendeu.

Pela Iniciativa Liberal, foi o deputado Bernardo Blanco quem reagiu, referindo que a informação que é conhecida aponta para que o bónus seja "claramente ilegal".

"Não sei se o ex-ministro [Pedro Nuno Santos] sabia ou não, há poucos meses tivemos uma discussão em plenário e o senhor ministro não me respondeu. Politicamente, quando foi questionado sobre isto não respondeu", lembrou o liberal.

Já o deputado do PCP Bruno Dias defendeu que as notícias recentes só vêm "confirmar que a gestão da TAP está cada vez mais contaminada pelo pior da gestão privada".

Inês Sousa Real do PAN usou o termo “ultrajante” para se referir aos "prémios milionários" da administração da TAP. E defendeu que se o bónus vier a ser considerado ilegal "de forma alguma" deve ser pago.