Ministério da Ilusão

Sem exames nacionais, será impossível aferir se às classificações atribuídas, corresponderão realmente conhecimentos adquiridos.

por Nuno Melo

Se o futuro de um povo depende da qualidade do ensino e dos conhecimentos adquiridos pelos mais jovens nas escolas e nas universidades, o desmantelamento pelo PS de regras básicas de mérito e de esforço, é quase criminoso.

Distribuindo facilidades, o socialismo nega ferramentas e competências fundamentais às novas gerações. Nenhuma vontade de dourar estatísticas, para disfarçar a incapacidade de ministérios da Educação, ou a permissividade ideológica a pensar nos votos, deveria consentir o atentado que está a ser cometido contra o nosso sistema de ensino.

Em Portugal já existiram provas de aferição, com repercussão na avaliação, no 6.º ano, e exames nacionais no 9.º ano, bem como no 11.º e no 12.º ano, dependendo do momento de lecionamento das disciplinas em causa. Como acontece na maior parte dos países civilizados, estes exames encontravam justificação da necessidade de se apurar com verdade e transversalidade a qualidade efetiva do ensino em todo o país e os conhecimentos realmente adquiridos pelos alunos. Por seu lado, a metodologia correspondeu a uma opção por critérios de exigência que o espaço político de centro-direita, CDS incluído, assumiu sempre sem reservas.

Em sentido inverso, ao longo de ciclos de governação, o PS -– depois de destruir a autoridade dos professores –, acabou com os testes de aferição no 6.º ano, com os exames no 9.º ano, e quer agora acabar com os últimos que restam. Não tem perdão.

Ao Governo não interessa formar jovens com sentido de mérito e de esforço. Todo o empenho é colocado em números que se falseiam, porque o que não se avalia, também não se conhece. Permitindo que transitem todos, os que estudam e os que cabulam, os que se trabalham e os que preguiçam, os que dominam as matérias e os que sobre elas não fazem nenhuma ideia, o Ministério da Educação transformou-se no Ministério da Ilusão.

As consequências, não são difíceis de perceber:

Sem exames nacionais, será impossível aferir se às classificações atribuídas, corresponderão realmente conhecimentos adquiridos. Não sendo apuradas em algum momento pelo mesmo padrão, as escolas poderão dar as notas que quiserem, mesmo inflacionando-as para acolhimento dos expedientes persecutórios da tutela, que ataca e prejudica os professores que avaliam com verdade e promove os que aprovam indistintamente, seja por conivência, desmotivação, por simples incapacidade de combater o mau sistema.

Os alunos, por seu lado, principalmente os que transitam de ano lendo e escrevendo em modo sofrível, dividindo e multiplicando com dificuldade, ou sem bases mínimas e cultura geral aceitável, mesmo agradecendo o brinde, pagarão a seu tempo a inconsciência permissiva do PS, responsável antecipado por muitos dos problemas que enfrentarão quando adultos.

Combater uma coisa e outra, deveria ser uma causa mobilizadora de toda a sociedade, começando pelos pais e pelos professores.