Primeiro sinal vermelho de Washington para Lula

O Presidente Lula quer impor proteção legal aos trabalhadores em aplicativos como Uber, Globo, IFood e outros. O risco é acabar com a ocupação, que atende a um milhão de brasileiros. No caso do Uber, muitos têm outra atividade e o aplicativo é um reforço na renda.

Por Aristóteles Drummond

Esta coluna informou em primeira mão que o Departamento de Estado dos EUA estava desconfiado da dimensão do alinhamento de Lula com bolivarianos, Rússia e China. O que, como foi observado aqui, limitou a visita a Biden a temas ambientais e de a ‘defesa da democracia’. Agora, alto assessor da Casa Branca, Ricardo Zuniga, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo explicita o desejo de ver o Brasil se alinhar à maioria dos países latino-americanos na condenação ao que se passa na Nicarágua e na Venezuela. E que uma aproximação política com a China desagradaria a Casa Branca. Bolsonaro tratou mal a China, que é o maior comprador de produtos brasileiros. A Lula bastava restabelecer o bom relacionamento sem exagerar. A viagem à China vai esclarecer a questão.

VARIEDADES

• A novidade entre os que confundem governo de esquerda com afronta a tudo que é estabelecido na sociedade judaico-cristã ocidental não tem limites. Agora em na pauta a aceitação formal e legal do trisal, ou seja, união de três pessoas, do mesmo ou de diferentes sexos.

• O Presidente Lula quer impor proteção legal aos trabalhadores em aplicativos como Uber, Globo, IFood e outros. O risco é acabar com a ocupação, que atende a um milhão de brasileiros. No caso do Uber, muitos têm outra atividade e o aplicativo é um reforço na renda.

• E o ministro Fernando Haddad quer cobrar imposto sobre apostas online. A medida pode inviabilizar o turfe, que emprega direta ou indiretamente cem mil brasileiros.

• Outra medida do governo relacionada a impostos: o governo vai tentar taxar exportações. No passado, quando se cobrou sobre a exportação de café o resultado foi o contrabando para o Paraguai.

• A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, com património de equivalentes 50 mil milhões de euros, foi entregue pelo governo a um sindicalista formado em História. Nos governos anteriores do PT, os fundos de estatais foram alvos de muita corrupção.

• O ex-Presidente do Uruguai e ex-tupamaro José Mujica esteve em Brasília participando de encontro de sindicalistas sul-americanos e visitando Lula. Mujica disse que está na hora «dos trabalhadores se libertarem da exploração das elites burguesas».

• Já a ministra Simone Tebet, que foi a terceira colocada na eleição presidencial e apoiou Lula na segunda volta, quer multar empresas que paguem salários diferenciados a mulheres. Os empresários alegam que têm muitas mulheres ganhando mais do que homens, pois mostram mais competência e desempenho, e não pelo sexo.

• Chico Buarque fecha uma série de apresentações pelo país. Sucesso com a cantora Mónica Salmaso, o show que antes das eleições era dominado pelas composições políticas agora está mais plural. Com o fim do inverno europeu, Chico Buarque deve voltar a Paris em abril.

• Petrópolis, a cidade imperial a 70 km do Rio, completa 180 anos. Foi residência de verão da Família Imperial, onde viveu a Princesa D. Francisca, mãe do Duque de Bragança, D. Duarte. Ali viveram o escritor alemão Stefan Zweig, Rui Barbosa, Oswaldo Cruz – foi até presidente da Câmara – e até hoje é veraneio da elite do Rio de Janeiro. O Museu Imperial é o mais visitado do Brasil.

• A Ponte Presidente Costa e Silva – monumental obra de 13 Km que liga o Rio de Janeiro a Niterói e ao litoral norte, que inclui Cabo Frio e Búzios – completa está semana 59 anos. A obra foi acusada de «delírio faraónico dos governos militares», mas, hoje, tem movimento diário de 150 mil veículos. A esquerda volta e meia tenta retirar o nome do governante que a construiu. Mesquinharia até aqui sem sucesso.

• O BNDES suspendeu o leilão programado para este mês de projeto turístico de grande porte em Jericoacoara, no Ceará, por vetos da área ambiental do governo. O projeto previa uma oferta de 500 quartos e complexo aquático. Pronto, geraria mais de mil empregos.

Rio de Janeiro, março de 2023