PSD à conquista da maioria absoluta na Madeira

Luís Montenegro quer contar com o ‘apoio massivo’ dos madeirenses e acredita na conquista de uma maioria absoluta no Parlamento regional. A expectativa é que o resultado contribua para a afirmação do PSD enquanto ‘alternativa’ também no continente.

Na Madeira, os motores sociais-democratas já começaram a aquecer. Esta quinta-feira, no arranque do primeiro encontro interparlamentar, que conta com representantes do PSD regional e os seis eurodeputados do partido no Parlamento Europeu, Miguel Albuquerque acusou o Governo da República de «não assumir as suas responsabilidades» para com as regiões autónomas.

Num ano em que os sociais-democratas vão a votos para tentar reforçar o poder na Madeira, não é coincidência que a iniciativa interparlamentar tenha decorrido   no Funchal. O mesmo não se pode dizer do timing, que apanhou o PSD a tentar gerir uma eventual crise nos Açores, depois de a Iniciativa Liberal ter rompido com o acordo de governação. Algo que não passou ao lado a  José Manuel Fernandes, eurodeputado do PSD e líder da delegação do partido no Parlamento Europeu, cuja intervenção antecedeu a do presidente do Governo Regional da Madeira na sessão de abertura, que decorreu no Salão Nobre da Assembleia Regional.

«Aqui  nesta pérola do Atlântico respiramos liberdade e sentimos estabilidade política que é essencial para o desenvolvimento», afirmou, numa referência indireta à imprevisibilidade agora instalada nos Açores.

E deixou  ainda um aviso aos madeirenses: «Os eleitores da Madeira sabem que não podem desperdiçar votos e aqui o PSD é esse referencial de estabilidade».

Luís Montenegro, que também marcou presença na Madeira a propósito do encontro interparlamentar, esquivou-se de  comentar a situação nos Açores quando questionado se temia que isso afetasse o PSD e as eleições regionais. 

À margem de uma visita ao Centro Nacional de Negócios da Madeira, no Caniçal, o líder social-democrata garantiu a sua «confiança» no PSD da Madeira e em Miguel Albuquerque, mostrando-se convicto de que o partido irá conseguir recuperar a maioria absoluta que perdeu nas eleições regionais de 2019.

«Posso assegurar que essa confiança é tal que não conto com outra coisa que não seja um apoio massivo dos eleitores madeirenses no trabalho que tem sido conduzido por Miguel Albuquerque e pelo PSD e, por via disso, a conquista de uma maioria absoluta no parlamento regional nas eleições deste ano», reforçou. 

Este será o grande desafio político de Montenegro para este ano: uma vitória nas regionais que reforce o PSD na Madeira. A esta distância do ato eleitoral (praticamente seis meses) ainda muito pode acontecer, mas as sondagens já parecem sorrir aos sociais-democratas e a contribuir para isso, na ótica do presidente do PSD, está a «capacidade reformista e transformadora do Governo regional», que compara com a «perfeita ineficiência, ineficácia e inconsistência da oposição» no parlamento regional.

«Só posso estar otimista. Temos a humildade democrática de quem ainda não ganhou as eleições, mas temos bons quadros, temos um excelente presidente de governo, temos obra e temos uma oposição que não oferece uma alternativa credível, nem consistente», justificou.

Essa também é a imagem que fica quando se toma o pulso aos madeirenses na rua que apontam que a falta de respostas do Governo socialista para fazer face à inflação no continente leva a que os eleitores não confiem no PS e se sintam mais inclinados a votar no PSD na Madeira.

A esperança dos sociais-democratas é também que um resultado positivo na região autónoma se faça sentir depois no continente, contribuindo para a afirmação do PSD nacional enquanto «alternativa» à governação socialista.

«O PSD Madeira vai continuar a oferecer ao PSD nacional bons resultados e boas políticas que são assim recebidas pelas pessoas, as famílias, as empresas, aqueles que criam riqueza», referiu Luís Montenegro, comprometendo-se a estar ao lado que dos órgãos da região e dos seus responsáveis, em nome do PSD nacional, «hoje como principal força de oposição política no Parlamento e amanhã como força liderante do Governo da República».

‘O Estado está-se nas tintas para as regiões autónomas’

Apesar de a campanha eleitoral ainda não ter arrancado, na sua primeira intervenção do dia, Miguel Albuquerque voltou, mais uma vez, a assestar baterias contra a «falta de solidariedade» do Governo da República para com as regiões autónomas.

«O Estado demitiu-se de assumir as suas responsabilidades no quadro das suas obrigações constitucionais […] Está-se nas tintas para a Madeira e para os Açores», atirou, lamentando que o Estado esteja sempre  «a reclamar de uma solidariedade da UE que não tem para com as suas próprias regiões autónomas».

Sublinhando a importância das regiões ultraperiféricas para a afirmação de Portugal no mundo, o presidente do Governo Regional da Madeira defendeu que «a mobilidade para as regiões ultraperiféricas» não pode ser «penalizada por utopias disparatadas», referindo-se às taxas de carbono que são impostas ao transporte via marítimo e via aéreo. 

Nesse sentido, apelou à «derrogação» das mesmas, caso contrário, na sua ótica, a economia madeirense corre o risco de  ficar «estrangulada em favor de outras economias continentais»

A par disso, desafiou os eurodeputados sociais-democratas a defenderem em Bruxelas «uma conexão digital equitativa e com preços favoráveis» para as empresas das regiões ultraperiféricas, como a Madeira.

O social-democrata  pressionou ainda o primeiro-ministro António Costa a avançar com a revisão da Lei das Finanças Regionais, de forma a acompanhar os sobrecustos que a Madeira tem com o Estado Social, nomeadamente com a Educação e a Saúde.

Num discurso combinado, Luís Montenegro também assegurou, já durante a tarde de quinta-feira, que a sua direção nacional «estará sempre ao lado daqueles que defendem um regime fiscal que seja competitivo» para a região da Madeira.

De acordo com o líder do PSD, só um regime fiscal competitivo permitirá «atrair o investimento  e por via desse investimento atrair a capacidade de se gerarem postos de trabalho e por via das duas coisas dar capacidade financeira à região, de ser mais autónoma do ponto de vista da arrecadação de receita para o governo regional poder cumprir o seu trabalho, nomeadamente nas suas vertentes sociais, ao nível da Educação, da Saúde e da Habitação».