A sovietização da habitação

A cada dia que passa, estamos mais pobres e já desprovidos das ferramentas fundamentais para fazermos face ao galopante aumento do custo de vida.

Tem circulado nas redes sociais, nos últimos dias, um vídeo em que um jovem diz que não toma leite, nem carne, nem peixe, nem produtos lácteos. Ouve-se, então, uma voz que lhe pergunta se é vegetariano, ao que ele responde que não, que é cubano!

O socialismo, onde quer que tenha sido experimentado, reduz a condição humana à pobreza extrema, mas, inexplicavelmente, a lição ainda não foi por todos aprendida, insistindo-se, em muitos países espalhados por esse mundo fora, na imposição à sociedade desse fracassado modelo.

Portugal, para nossa desgraça, não foge a essa fatalidade, sendo que nos derradeiros anos, mais propriamente desde que Costa se apoderou do poder, por iniciativa ilegítima, tendo em conta o conceito de moralidade que deve nortear a classe política, se intensificou o delírio socialista, muito por culpa dos parceiros a que ele se agarrou para se manter ao leme do governo.

Hoje, a cada dia que passa, estamos mais pobres e já desprovidos das ferramentas fundamentais para fazermos face ao galopante aumento do custo de vida.

A saúde pública colapsou; as escolas tornaram-se em permanentes centros de insatisfação, com a instrução a atingir níveis de empobrecimento nunca antes observados; os transportes, aéreos e terrestres, esbanjam o dinheiro do contribuinte, sem que este veja o seu esforço financeiro recompensado; a justiça está atolada em artimanhas idealizadas pelos políticos do sistema para a manterem obsoleta, ineficaz e lenta e assim se livrarem de constrangimentos penais; e o sonho a dispor de uma habitação digna definhou-se numa simples miragem, em particular para aqueles que atingiram a idade adulta e se aventuram agora no mercado do trabalho.

Finalmente, os portugueses começaram a abrir os olhos, cansados da garotada incompetente e imatura que os desgoverna, reflectindo-se esse descontentamento nas sondagens que têm vindo a público, condição que fez soar o alarme em S. Bento e veio agitar todas as hostes socialistas.

Costa, que ficará para a História com o cognome de o demagogo, viu-se na contingência de traçar um plano diabólico, cujo único objectivo é o de lançar areia para os olhos dos portugueses, procurando, uma vez mais, deixá-los cair no engodo, fazendo-lhes crer de que descobriu a poção mágica com a qual vai resolver o problema da crónica falta de habitação e, dessa forma, reverter a queda de popularidade que se abateu junto do seu governo.

Para o efeito, recorreu aos serviços de uma jovem e ingénua moçoila, que ostenta como palmarés apenas o de se ter passeado entre os diversos corredores do aparelho socialista, prémio pela militância partidária a que se presta, nomeando-a para a pasta da habitação, apesar de nenhuns créditos efectivos lhe poderem ser atribuídos nessa área, e encarregando-a de parir a tal solução salvadora.

E a menina não se fez rogada. Proveniente da ala bloquista do partido principal responsável por todas as bancarrotas a que já fomos condenados durante a vigência deste regime, pôs em prática a cartilha marxista com a qual está familiarizada e, inspirando-se no modelo colectivista soviético, assente no princípio da não existência de propriedade privada, fez a vontade ao seu chefe e presenteou-o com um esboço de fazer inveja a qualquer saudosista das políticas então praticadas para lá do muro de Berlim.

Costa, inchado de satisfação, fez-se aparecer perante as televisões e encenou um espectáculo de magia, oferecendo a todos quantos se vêem impossibilitados de recorrer a habitação própria uma mão cheia de nada!

Nenhuma das medidas por ele enunciadas vai permitir suavizar o drama de quem quer casa e não a encontra, bem pelo contrário, todas elas somente irão agravar o infortúnio daqueles que apenas aspiram por um sítio onde morar.

A ideia peregrina de arrendar coercivamente todas as casas particulares que se encontram devolutas, ou seja, que não são habitadas há mais de um ano, que é, recorde-se, a principal atracção do projecto que o governo nos procura vender, não passa de uma completa ilusão, atendendo a que vai esbarrar com os preceitos constitucionais vigentes em Portugal.

A Constituição, para desgosto dos seguidores de Marx, ainda reconhece o direito que assiste a todos os portugueses à posse de propriedades privadas, sendo ilegítima qualquer tentativa do Estado para delas se apoderar sem o consentimento dos seus proprietários.

Costa sabe disso. Provavelmente, a criatura a quem ele ofereceu a pasta da habitação não o saberá, daí ter-se prestado a responsabilizar-se pelo guião deste enredo de terceira categoria.

E esta é, precisamente, a jogada demoníaca na qual Costa tudo aposta.

Logo que se concluir que os edifícios pertencentes a privados, que não estão povoados nem no mercado do arrendamento ou da venda, não irão albergar família alguma que necessite de um tecto para viver, o inquilino de S. Bento fará uma nova aparição para disparar em todas direcções, exceptuando a do governo, claro está, responsabilizando tudo e todos pelo fracasso da sua salvadora política de habitação.

À cabeça, os proprietários, que, por puro egoísmo, se recusaram a ser solidários com os mais necessitados, preferindo manter as portas das suas segundas habitações encerradas a aceitarem a generosa oferta do Estado em custear um arrendamento justo.

Depois, os tribunais, por terem implicado com simples questões de pormenor, de somenos importância, viabilizando as providências cautelares interpostas pelos malfadados proprietários.

Finalmente, as câmaras municipais dos centros urbanos onde a escassez de casas para arrendar é mais angustiante, por sinal praticamente todas, especialmente as principais, nas mãos de partidos da oposição, as quais já vieram a público garantir que não vão aplicar esse plano, por ele não ser exequível.

Costa, sacode então a água do capote, jurando que ele e o seu partido tudo fizeram para resolver um problema que afecta milhares de famílias, mas que os restantes partidos, em particular os que dominam as maiores autarquias e, consequentemente, as que maior interesse teriam em pôr em prática a solução pelo governo encontrada, se recusaram a colaborar, sendo, assim, os únicos responsáveis por tantos portugueses se verem privados de arrendar um domicílio a um preço compatível com as suas posses.

E o povinho, que insiste em premiar nas urnas aqueles que mais o sugam até à medula, muito provavelmente vai cair na conversa e conceder outra vez o benefício da dúvida a quem se está a borrifar para o seu destino.

É assim que Portugal se governa e se deixa governar!

Mas o mais grave de toda esta encenação, é que com ela se procura escamotear a verdadeira causa dos jovens, e também dos menos jovens, em não conseguirem encontrar uma casa digna onde possam viver.

E a razão é muito simples: não têm dinheiro!

Os preços dos fogos, tanto para venda como para arrendamento, atingiram níveis insuportáveis, praticamente triplicaram desde 2015, curiosamente, ou não, data em que Costa se instalou de armas e bagagens em S. Bento, e os ordenados são demasiado baixos para que possam ser compatíveis com a oferta que predomina no mercado.

As rendas são exorbitantes, quase sempre superiores ao vencimento de quem pretende arrendar uma casa, vendo-se nesta condição sobretudo aqueles que querem sair dos lares nos quais cresceram e sonham agora em constituir família, pelo que o recurso à permanência debaixo do mesmo tecto dos pais, que em cada vez mais casos se estende para lá da meia-idade, tem-se tornado na única opção possível que resta a quem terminou os estudos e quer agora fazer-se à vida.

Comprar casa, igualmente não está nas suas possibilidades, porque, para além de não disporem da verba correspondente à entrada que os bancos exigem, também as prestações a que se vêem vinculados estão muito para além da razoabilidade e do bom-senso para quem aufere os vencimentos que por cá se praticam.

Este é que é verdadeiramente o drama da habitação que aflige a maioria da população: casas há, não há é dinheiro para as pagar!

É este o retrato do Portugal de Abril e que muito deveria envergonhar os carreiristas políticos que se têm revezado, nas últimas décadas, na condução dos destinos do País.

O nível de empobrecimento a que devotaram os portugueses alcançou tais proporções, que a habitação para toda uma geração que se prepara, nos dias de hoje, para iniciar o seu percurso no mundo do trabalho, deixou de ser um direito e transformou-se antes num pesadelo!

Políticos fracos, desprovidos de quaisquer escrúpulos e incapazes de assumirem os seus erros, pelo que se refugiam na mentira de que a escassez de habitações no mercado se deve aos proprietários que as preferem ter devolutas ou arrendá-las a turistas, ao invés de privilegiarem quem delas necessita para viver.

E não há, dentro da classe política do sistema, quem tenha a coragem de denunciar que o rei vai nu!