Crianças proibidas de mendigar na Guiné-Bissau a partir de segunda-feira

Na passada quinta-feira, no leste do país, foi mandado prender o pai ou o mestre corânico de qualquer criança apanhada na mendicidade nas ruas do país.

A partir da próxima segunda-feira, as crianças vão estar proíbidas de mendigar na Guiné-Bissau, anunciou hoje a ministra da Mulher, Família e Solidariedade Social do país, Conceição Évora. 

A ordem foi dada pelo chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló, com o objetivo de acabar com a mendicidade de crianças no país, tendo o anúncio sido feito aos jornalistas à saída de uma reunião promovida pelo vice-primeiro-ministro e também ministro do Interior, Soares Sambú, com vários mestres corânicos (professores do Corão) e imames (líderes religiosos islâmicos).

Na passada quinta-feira, no leste do país, foi mandado prender o pai ou o mestre corânico de qualquer criança apanhada na mendicidade nas ruas do país.

Nessa altura, Sissoco Embaló considerou vergonhoso o ato de mandar as crianças pedir esmolas pelas ruas de Bissau e nos países vizinhos, dizendo que estas estariam a angariar sustento para os seus mestres corânicos.

Na reunião esta segunda-feira realizada no Ministério do Interior de Bissau, o ministro Soares Sambu informou os presentes que a ordem do chefe de Estado entra em vigor no próximo dia 27.

"Todos nós chegamos à conclusão que não consta do islão, não faz parte de práticas religiosas islâmicas, colocar as crianças na mendicidade, mas também concordamos que devemos ter em conta a declaração do Presidente sobre esse assunto e é a segunda vez que o faz", disse a ministra.

O Governo da Guiné "conta com a colaboração" dos mestres corânicos, mas, em caso de resistência "as autoridades usarão de todos os mecanismos para fazer cumprir a ordem do chefe de Estado".