Revolta na Bounty

Uma palavra de apreço ao almirante Gouveia e Melo, que atuou de forma rápida e clara, na defesa dos princípios a que os militares e a marinha portuguesa estão obrigados.

por Eduardo Baptista Correia

A propósito da recusa de um grupo de militares da armada portuguesa em desempenhar uma missão de observação e acompanhamento de um navio espião russo, muita asneira, tem sido proferida.

Portugal tem uma série de responsabilidades e obrigações no seio NATO e este tipo de comportamento coloca em causa a credibilidade do país. Considero inaceitável a forma como este grupo, com comportamentos imanizados da senda grevista que se faz sentir pelo país, coloca em cheque a imagem da disciplina da marinha. Toda esta situação, já per si muitíssimo grave, se torna absolutamente intolerável na atual conjuntura de conflito entre a Rússia e os países do eixo NATO que apoiam a Ucrânia. Aquele grupo de militares deixou claro perante as forças espiãs as fragilidades de determinado equipamento de defesa, o que por si só constitui uma postura no mínimo surpreendente, como também permitiu caminho livre a operações de espionagem e eventual sabotagem de equipamento submarino altamente estratégico. A maior parte da transmissão de informação entre os continentes Norte Americano e Sul Americano com a Europa, faz-se através de cabos submarinos. O valor estratégico desses cabos para o normal funcionamento das economias e da vida dos indivíduos e organizações é incalculável. O nosso dia a dia em pleno século XXI depende do normal funcionamento desses cabos.

O comportamento desses militares colocou em causa a segurança de milhões de pessoas. É disso que se trata.

Testemunhar os arautos da estrema esquerda a tratarem este caso à luz da legislação laboral, constitui uma demonstração adicional da irresponsabilidade e do atraso a que este grupo, altamente influente na sociedade portuguesa, nos pretende remeter. Este grupo está devidamente retratado nos Lusíadas através do velho do Restelo. São os principais responsáveis pelo atraso a que a economia portuguesa está remetida. São os responsáveis pela crescente pobreza e são os responsáveis pelo clima de instabilidade e desnorte que se vive no país. Desde 1975.

Uma palavra de apreço ao almirante Gouveia e Melo, Chefe do Estado Maior da Armada. Atuou de forma rápida e clara na defesa dos princípios a que os militares e a marinha portuguesa estão obrigados. Neste contexto gostarias ainda de relembrar que a Zona Exclusiva Marítima de Portugal constitui fonte única de potencial crescimento económico para o nosso país. A atuação nesse território constitui o principal eixo de intervenção económica e geopolítica. Os políticos do costume negligenciam, por falta de trabalho e conhecimento, esse ativo estratégico.

Portugal necessita, uma vez mais, dos militares, e neste caso em particular da marinha, para resolver os problemas do atraso que os políticos não conseguem nem estão interessados em conseguir resolver.