Economia abandonada

Pesquisa feita no mercado financeiro aponta para mais de 90% de descontentes e pessimistas com os rumos da economia.

Por Aristóteles Drummond

A inflação na Argentina ter ultrapassado os 100% ao ano assustou o mercado financeiro brasileiro. A filosofia económica dos dois governos é da mesma origem, de fugir a austeridade e conciliar com o sindicalismo marcado pelo atraso.

 A proposta de reforma do sistema tributário desperta polémicas. O endividamento público pode chegar a 80% do PIB até o final do ano. Qualquer baixa dos juros por imposição política pode se refletir fortemente na fuga de capitais. O setor agrícola está apreensivo com a questão das invasões de propriedades e a não privatização da gestão do Porto de Santos. No capítulo da gastança, Lula vai dar aumento de 9% ao funcionalismo público.

 Pesquisa feita no mercado financeiro aponta para mais de 90% de descontentes e pessimistas com os rumos da economia. E, por fim, os investimentos privados no petróleo estão prejudicados com a criação de um imposto para o óleo exportado.

 

VARIEDADES 

• Golpe com criptomoedas atinge jogadores de futebol. Gustavo Scarparo, ex-Palmeiras e hoje jogando na Inglaterra, perdeu um milhão de euros. 

• Dois futebolistas estão em baixa. Daniel Alves, da seleção nacional, preso em Barcelona por agressão sexual, teve o divórcio anunciado pela mulher, a modelo espanhola Joana Sanz. E Robinho, que joga na Itália, condenado a nove anos de prisão por estupro, fugiu para o Brasil, onde poderá cumprir a pena.

• A Coca-Cola autorizou sua maior engarrafadora no Brasil a fabricar e distribuir a cerveja Teresópolis, no segmento Premium.

• Repercutiu mal a nomeação das mulheres de dois ministros para os tribunais de Contas do Pará e da Bahia, onde ambos foram governadores. O cargo é vitalício, tem salário de sete mil euros e benefícios.

• Lula liberou a troca de 18 titulares de embaixadas, anulando as últimas indicações de Bolsonaro.

• Viagem de Lula da Silva à China vai ser a maior dos presidentes do Brasil. Serão seis ministros, 30 deputados e quase 200 empresários. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, embora com concentração na soja, carnes e minério de ferro.

• Incerteza quanto ao ambiente amigável para negócios, empresas brasileiras têm investido nos vizinhos Uruguai e Paraguai. A carne, que é forte na economia destes países, já está com mais da metade dos frigoríficos em mãos de empresas brasileiras. E as leis laborais no Brasil levam a call centers se instalarem no Uruguai. Em dois anos de um governo de centro-direita, o Uruguai recebeu mais empresas estrangeiras do que nos 15 anos anteriores. São 50 mil os brasileiros que trabalham no país vizinho.

• Empresas importantes como Oi, Magalu e Braskem adiaram divulgação de balanços e a Gol publicou sem relatório da auditora. Clima de desconfiança com o que tem acontecido no país e no exterior.

• São seis as montadoras que suspenderam a produção de veículos. Mas não pela falta de peças, e sim de mercado. As vendas estão fracas e o consumidor, cauteloso em mexer nas poupanças ou assumir financiamentos. O mercado de usados cresceu.

• A demora em propor reformas e o viés mais à esquerda do governo travam investimentos e o ano parece perdido. Discurso não gera emprego, nem renda e muito menos coloca comida no prato de quem tem fome.

• O turismo interno vem sustentando o setor. Com a Semana Santa, a hotelaria do Rio e da Bahia está sendo muito procurada. Mas o Sul, em especial Santa Catarina, sofre os reflexos da crise Argentina.

 

Rio de Janeiro, março de 2023