Médicos elaboram e enviam plano ao ministério com soluções para a falta de profissionais

Um conjunto de profissionais saúde da área de Lisboa e Vale do Tejo enviou para a tutela um plano de ação de emergência com soluções para dar resposta a mais de 1,5 milhões sem médico de família.

Uma série de profissionais de saúde da área de Lisboa e Vale do Tejo enviaram para a tutela um plano de ação de emergência com soluções para dar resposta aos milhares de utentes sem equipa de família. As linhas de orientação foram enviadas para a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo e também para o diretor executivo do Serviço Nacional de Saúde e para o ministro da Saúde.

Os profissionais de saúde defendem um modelo temporário para dar resposta a uma emergência que se baseia na existência de uma equipa de missão com uma remuneração diferenciada.

A ideia é simples: criar um modo de organização flexível de acordo com as circunstâncias, contexto e recursos mobilizáveis para cada local carenciado, criando equipas multidisciplinares às quais chamam «equipas de missão».

O recrutamento destas equipas de missão local, de acordo com este grupo, deve ser independente do número de médicos, enfermeiros e outros profissionais previstos nos mapas de pessoal de cada agrupamento de centro de saúde.

A atenção deverá estar centrada nas pessoas e nas necessidades de saúde mais essenciais tais como vacinação, cuidados de planeamento familiar, vigilância de gravidez, vigilância ao recém-nascido e ao longo dos primeiros anos de vida, atendimento qualificado e atempado em situação de doença aguda, abordagem a situações complexas de multimorbilidade e controlo de fatores de risco e de doenças crónicas suscetíveis de levarem a complicações, internamento e até morte se forem negligenciados.

O plano foi desenhado por profissionais de centros de saúde do Seixal, Amadora, Olivais, Sintra, Brandoa e Almada, que alertam para o facto de mais de 1,5 milhões de utentes em Portugal não terem «equipa de família atribuída» e de existir a previsão de aposentação de mais de mil médicos de família só em 2023 e de cerca de mais 500 nos dois anos subsequentes.

No início do ano foram admitidos 212 especialistas em medicina geral e familiar. Nessa altura, o presidente da Associação Portugueses de Medicina Geral e Familiar (APMGF) considerou, à Lusa, «inexplicável e surpreendente» que, perante «quase 1,5 milhões de pessoas sem médico de família, se abra um concurso que tem menos vagas do que candidatos».

E apesar de considerar «positivo» o número de médicos que concorreram e que «querem ficar no SNS», defendeu ser «incompreensível que só haja 196 vagas» disponibilizadas, tendo em conta as «carências profundas».