Novo aeroporto seria um ‘erro grave’, ‘um disparate’

João Soares e Pedro Castro defendem que a ‘atual localização do Aeroporto Humberto Delgado, acrescentada com os terrenos anexos ocupados pela Força Aérea e pela CML, pode proporcionar, com obras que não serão de grande dimensão, nova fluidez ao trafego aéreo’.

Novo aeroporto seria um ‘erro grave’, ‘um disparate’

Com o tema das audições da TAP e do IVA dos alimentos, o assunto ‘novo aeroporto’ aparentemente terá sido guardado debaixo do tapete, mas ainda é um problema que continua por resolver e parece estar bem longe a sua resolução. A pressão mantém-se e o ex-autarca de Lisboa, João Soares e Pedro Castro, da Sky Expert Consulting, defendem a manutenção do aeroporto da Portela. 

Os dois escreveram agora uma carta dirigida a Rosário Partidário, presidente da Comissão Técnica de avaliação do novo Aeroporto de Lisboa, publicada no Facebook, a afirmar que «não é necessário construir nenhum novo Aeroporto de Lisboa», considerando que uma nova construção seria «um erro grave, e para serem brandos nas avaliações um disparate, avançar com tal pretensa solução».

A carta diz ainda que «o dado de facto indesmentível que é a repetida proclamação desde os anos sessenta do século passado por técnicos e políticos, de que o Aeroporto Humberto Delgado está esgotado. Ou à beira do esgotamento no ano que vem, seja qual for o ano que vem».

O ex-autarca de Lisboa já tinha garantido ao Nascer do SOL, em agosto, que a solução de um possível esgotamento passa por resolver o problema na aerogare. «Há um problema de funcionamento da sua aerogare que pode e deve ser emendado com relativa facilidade», acrescentando que esta tem «sido remendada, a partir do projeto inicial de Keil do Amaral dos anos quarenta do século passado, com remendos que de uma forma geral só dificultam a sua funcionalidade e fluidez».

E lembrou que a infraestrutura tem duas pistas: «A primeira, mais antiga, é a 1735, mas está inoperacional, e depois tem a 0321 que é uma pista de altíssima qualidade». No entanto, reconheceu que esta segunda tem o entrave de não ter taxiway – percurso que os aviões fazem fora da pista, antes de descolar ou depois de aterrar – que é um dos problemas colocados ao tráfego aéreo, sobretudo nas horas de maior expediente.

Nesta nova carta, os signatários consideram que a atual localização do Aeroporto Humberto Delgado, «acrescentada com os terrenos anexos ocupados pela Força Aérea e pela CML, pode proporcionar, com obras que não serão de grande dimensão, nova fluidez ao trafego aéreo e novas dimensões funcionais para a aerogare. Implicará claro o simples, simplicíssimo, prolongamento do táxiway que só parcialmente acompanha a pista 03/ 21».

Defendem ainda que vai permitir novos espaços de estacionamento de aviões «e mesmo uma desejável relocalização da aerogare que lhes parece desejável do ponto de vista funcional», podendo mesmo ir até à construção de uma nova pista paralela à 03/21 que possa funcionar em simultâneo. «Se viesse a ser necessário o que consideram improvável poder acontecer pelo menos na próxima década», dizem acrescentando que há vários argumentos e factos que gostariam de debater com a presidente da comissão. A saber: «A localização de Humberto Delgado é excelente para a cidade e para a área metropolitana de Lisboa, origem e destino da maior parte dos passageiros que o usam», referindo que, «a construção de um novo aeroporto implica despesas gigantescas ao erário publico e ao país, despesas que até só no plano dos recursos financeiros os signatários consideram profundamente erradas e indesejáveis». 

Também Pedro Castro, ao nosso jornal, tinha revelado, em julho, que «‘novo aeroporto’ e ‘urgente’ nunca rimam». E explicou a sua opinião: «Para já porque construir um novo aeroporto demora muitos anos – 5 anos, no mínimo, dizem». E atira: «Além de me faltarem exemplos de obras desta envergadura que cumpriram o orçamento inicial e os prazos estipulados em Portugal, só me lembro do aeroporto de Berlim que sofreu um atraso de mais de 10 anos até abrir…por isso, se a ‘nova solução’ é construir um novo aeroporto é melhor não lhe chamar urgente».