FMI. “Estratégia de ter défices menores é a correta” para Portugal

FMI estima que nos próximos cinco anos a dívida pública mundial cresça a ritmo muito mais elevado comparando com o período pré-pandemia. Entre as economias desenvolvidas, Portugal é a sexta mais endividada.

As últimas estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que em 2028 a dívida pública mundial será, pela primeira vez, superior à riqueza criada no mundo. Os números constam no relatório “Fiscal Monitor”, apresentado esta quarta-feira.

Em Portugal, desde 2010 que a dívida pública é superior ao produto interno bruto (PIB) e, segundo estimativas do FMI, essa tendência deverá continuar pelo menos até ao ano de 2026.

Para 2023, o FMI prevê que Portugal tenha uma dívida pública equivalente a 112,4% do PIB, cerca de 22,6 pontos percentuais acima da média da Zona Euro (89,8%).

E Portugal aparece em sexto lugar entro dos países mais endividados do mundo este ano olhando para as economias mais desenvolvidas. Em números, é superado pelos EUA (122%), Singapura (134,5%), Itália (140%), Grécia (166%) e Japão (258%).

Em entrevista à Lusa, o subdiretor do departamento dos assuntos orçamentais do Fundo Monetário Internacional (FMI), Paolo Mauro defendeu que "a estratégia de ter défices menores é a correta" para Portugal. “Os fatores que estão subjacentes a essa descida, em particular para Portugal, é que nas nossas projeções estamos a incorporar um pressuposto de que o défice seria de cerca de 1% daqui para frente, o que é bastante baixo para os padrões históricos”, disse, acrescentando que grande parte da dívida de Portugal foi contraída durante os últimos anos com taxas de juro baixas.

E acrescentou que “com uma inflação ligeiramente mais elevada, se as taxas de juro não subirem muito, se o crescimento continuar cerca de 1,5% ou 2% em termos reais”, estes fatores juntos resultariam numa queda do peso da dívida, que permitirá passar de 116% em 2022 para abaixo de 100% até ao ano de 2027.

“É uma redução muito rápida. É um rácio alto, mas a direção é definitivamente a apropriada”, defendeu ainda.