PS não quer escolher entre versão de Ana Catarina Mendes e de Medina e prefere afirmar que não houve recusa do Governo

Bruno Aragão não se comprometeu sobre contradições entre ministros e sublinhou que as conclusões políticas só devem ser retiradas no fim.

O coordenador do PS na comissão de inquérito à TAP defendeu, esta sexta-feira, que nunca houve por parte do Governo recusa na entrega de documentos.

Esta posição foi transmitida pelo deputado socialista Bruno Aragão no Parlamento, depois de os partidos da oposição terem criticado as contradições do Executivo quanto à existência de um parecer, que justificaria a justa causa na demissão da CEO e do Chairman da TAP.

Chega, IL, BE, PCP, PAN e Livre exigem mais esclarecimentos do Executivo, mas Bruno Aragão insiste na tese de que “nunca houve recusa de entrega de documentos”.

"A comissão pediu um conjunto de documentos, o Governo respondeu à comissão, a comissão entendeu que essa resposta não cabia dentro do que é o seu entendimento e diligenciou junto do Governo. Isso aconteceu na fase inicial da comissão. Insistimos junto de várias entidades para que pudessem cumprir os pedidos da comissão", afirmou, sem, no entanto, se pronunciar sobre as diferentes versões de Ana Catarina Mendes e Mariana Vieira da Sila, de um lado, e Fernando Medina de outro.

"Foi criada uma comissão de inquérito que deve ter todas as condições para exercer o seu mandato, pedindo os documentos que entende e ouvindo as pessoas que entende. No fim do estudo aprofundado dos documentos, devem-se tirar as devidas conclusões, votá-las e, com toda a serenidade, responder a este processo", alegou o coordenador do PS na comissão de inquérito à TAP.

Confrontado sobre se o PS também foi enganado quanto à existência de um parecer, Bruno Aragão respondeu apenas que "as questões não se colocam seguramente assim", e sublinhou que "o PS votou favoravelmente, pediu um conjunto de documentos que não conhece e, como tal, não se pode pronunciar sobre eles antes de os conhecer”.

Recorde-se que este novo capítulo sobre o parecer na densa novela da TAP, teve início com a notícia da recusa do Governo em entregar um parecer, que justificaria as demissões de Manuel Beja e Christine Ourmières-Widener, depois seguiu-se a justificação, na quarta-feira, do ministério dos Assuntos Parlamentares, tutelado por Ana Catarina Mendes, que veio esclarecer que a não entrega era justificada pela “salvaguarda do interesse público” e, por fim, o ministro das Finanças, Fernando Medina, veio afirmar não há "nenhum parecer adicional" a fundamentar a demissão do chairman e da CEO da TAP.

"Não há nenhum parecer, a ideia que se criou de que haveria um parecer… não há nenhum parecer adicional àquilo que é a base da justificação da demissão, que é mais do que suficiente para quem a leu, relativamente ao parecer da Inspeção Geral de Finanças", garantiu Fernando Medina numa audição parlamentar, na quinta-feira.