Lula: vens estragar a festa, pá!

Lula da Silva não fala de guerra mas de ‘crise’. E tem o desaforo de criticar a UE e os outros aliados da Ucrânia por a ‘alimentarem’ em armamento, prolongando a guerra! 

Por muito que o negue, bem arrependido deve estar Marcelo Rebelo de Sousa por ter tido a peregrina ideia de convidar Lula da Silva para visitar Portugal a 25 de Abril deste ano.

Fiel à sua linha ideológica, Lula não esconde o seu apoio a Putin e subverte, propositadamente, a realidade omitindo a responsabilidade russa de ter invadido a Ucrânia, um país soberano membro das Nações Unidas. O erro original é fácil de diagnosticar: Lula e outros comunistas, entre os quais o PCP, continuam a confundir o regime do Kremlin com o comunismo. Se reinam em Moscovo…devem ser comunistas! 

Mas não! São, isso sim uma feroz ditadura, que tanto podemos catalogar de extrema esquerda como de extrema direita, com uma perseguição sem limites aos seus opositores (que vai do assassinato como no de Boris Nemtsov aos envenenamentos como os de Alexander Litvinenko ou Alexei Navalny, ou à prisão esta semana por 25 anos por delito de opinião de Kara-Murza), com a total ausência do Estado de Direito e de liberdade de expressão. Inúmeros prisioneiros políticos, numa sociedade dominada pelo terror incutido pela polícia política e pelos oligarcas parasitas do líder do Kremlin e suas milícias paramilitares. Que finge tolerar uns quantos pretensos partidos políticos desde que não questionem o poder do atual Czar!

É este regime e o seu dono, Vladimir Putin, que o convidado de Rebelo de Sousa defende tão acaloradamente. Repete inúmeras vezes a palavra paz, mas não refere nem condena uma única vez que foi do Kremlin que partiu a ordem de invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro do ano passado. Eufemisticamente, Lula da Silva não fala de guerra mas de ‘crise’. E tem o desaforo de criticar a União Europeia e os outros aliados da Ucrânia por a ‘alimentarem’ em armamento, prolongando a guerra! Para Lula a comunidade internacional devia apenas assistir placidamente ao total aniquilamento da Ucrânia e aplaudir a instalação em Kiev dum novo governo fantoche semelhante ao de Minsk.

Coerência foi algo a que Lula da Silva não nos habituou, mas sobre o fornecimento de armas não o ouvimos referir as que o Irão, Bielorrússia, Síria e Coreia do Norte, entre outros, têm fornecido à Rússia. Seguramente, por desconhecimento da geografia europeia, Lula continua a defender que a Ucrânia não tem o direito de fazer a OTAN chegar à fronteira da Rússia quando, graças à invasão russa, a Finlândia entretanto aderiu criando mais 1340km de fronteira direta! 

Ridículo, que a Lula da Silva lhe tenha passado pela cabeça que quem assumiu expressamente a simpatia por um dos lados possa querer ter um papel determinante na intermediação do conflito. Nem o Presidente brasileiro tem na comunidade internacional um mínimo de prestígio que lhe permita sequer tentar fazê-lo. Pode ser idolatrado por uma certa ‘esquerda caviar’, mas não passa disso.

 

Quanto à Sessão de Boas Vindas na Assembleia da República comecemos por lamentar a data que o ‘rolo’ compressor Maioria Absoluta Socialista/Palácio de Belém impuseram. O 25 de Abril, dia da liberdade, não merecia ser manchado com toda esta trapalhada! Não está em causa que o Parlamento deve acolher o Presidente do país irmão. Mas na defesa das relações que se querem excelentes entre Portugal e o Brasil, teria sido bem melhor que fosse outra a data! A sala vai estar devidamente engalanada de cravos vermelhos para a Sessão dos 49 Anos de Abril, e a imprensa do lado de lá do Atlântico vai dizer que é em honra de Lula. E muitos anfitriões já vão ostentar também na Sessão de Lula o cravo na lapela. Esperemos que os cadeirões para as altas individualidade que são acrescentados no hemiciclo para a Sessão do 25 de Abril não estejam instalados e… ocupados por convidados! E, já agora, que dirá Santos Silva em nome do Parlamento, em defesa da posição maioritária de Portugal?

 

Conhecido pela sua visão estratégica, por antecipar os vários cenários políticos, custa a entender que o Presidente da República, não tenha previsto toda esta catadupa de acontecimentos. O Presidente do Brasil tem que vir em visita oficial a Portugal? Claro que sim! Mas porque não convidou Marcelo o Presidente anterior, Jair Bolsonaro? Não foi eleito democraticamente, não representou durante 5 anos o mesmo país irmão? Ou foi por receio da ‘geringonça’ e da comunicação social que a apoiava? É tradicional, nestas viagens oficiais, haver troca de condecorações. A Zelensky, Rebelo de Sousa deu o Grande Colar da Ordem da Liberdade; o que tem reservado para Lula? E, já agora há algum outro Presidente da República da União Europeia que ainda não tenha ido a Kiev? Quando a esquerda nacional se insurgiu com a ida dos mais altos dignitários nacionais ao Mundial do Qatar, por questões de direitos dos migrantes, Rebelo de Sousa rapidamente usou uma das suas intervenções televisivas diárias para dizer aos portugueses que ia denunciar tal situação em Doha. Recordam-se? Aliás, mais do que as dos banqueiros alemães quando Pedro Nuno Santos disse que «não pagamos», as pernas do Emir do Qatar ainda não pararam de tremer com a ‘violência’ das suas críticas! Agora que lição de democracia e direito internacional vai o Presidente Professor dar ao ex-metalúrgico, que tem pautado a sua curta magistratura por perseguições e ódio? Esperemos para ver!