Opiniao

As escolas vão ter responsável para jovens manifestarem identidade de género?

Afinal, pergunto, são os pais que são obrigados a aceitar tudo o que o socialismo [Estado] quiser impor à Escola e, consequentemente, aos filhos dos cidadãos, ou é o Estado que deve cooperar com os pais na educação dos seus filhos?

As escolas vão ter responsável para jovens manifestarem identidade de género?

por Maria Helena Costa

No dia 18 de Abril, deste ano da graça, fomos informados de que o PS&CIA vão colocar em cada escola «um responsável a quem as crianças e jovens podem recorrer para manifestar que têm uma identidade de género diferente daquela com que nasceram»[1], e que esse projecto seria discutido no dia a seguir, quarta-feira, 19-04-2023.

Ou seja, sem qualquer discussão pública, sem consultar os cidadãos, sem nenhum respeito pelas famílias, na sexta-feira, 21-04-2023, os donos disto tudo aprovaram e decidiram que chegou a hora colocar na prática o ponto 1 do artigo 4º “Mecanismos de intervenção”, do Despacho 7247/2019: «As escolas devem definir canais de comunicação e detecção, identificando o responsável ou responsáveis na escola a quem pode ser comunicada a situação de crianças e jovens que manifestem um identidade ou expressão de género que não corresponde à identidade de género à nascença.»

Trocando por miúdos: cada escola passará a ter um activista lgbtetc. a recrutar crianças - que antes tiveram as suas mentes lavadas com ideologia do género e foram convencidas de que só teriam uma identidade cool quando se decidissem por uma cor e por uma letra do abecedário colorido - para a militância “elgebetrans” que, infelizmente, levará cada vez mais menores a exigir mudar de sexo (género é um eufemismo)[2].

Afinal, pergunto, são os pais que são obrigados a aceitar tudo o que o socialismo [Estado] quiser impor à Escola e, consequentemente, aos filhos dos cidadãos, ou é o Estado que deve cooperar com os pais na educação dos seus filhos (artigo 67º, alínea c, da CRP)? Quando é que o socialismo [Estado] tomou o lugar dos pais na educação dos seus filhos?

Tudo isto é doentio e abusivo, especialmente nestes dias em que a informação chega rapidamente aos quatro cantos do mundo e já se sabe que vários países, pioneiros na imposição do conceito ideológico de “identidade de género” às escolas, estão a proibir os tratamentos “de mudança de sexo” em menores de idade[3] devido à quantidade assustadora de jovens adultos que se arrependeram e decidiram processar o Estado e os serviços de saúde.

E, acredite, por cá, os resultados não vão ser diferentes do que se vai passando lá fora. Insistir no mal não o transforma em bem. Pode normalizá-lo, mas não muda as consequências.

Olhemos para o celeiro das políticas identitárias, os EUA, onde também já há vários Estados a abandonar os tratamentos de “mudança de sexo” em menores de idade, e atentemos para as consequências trágicas da aplicação da lei, que o socialismo insiste em impor-nos, e que tem dado origem a casos como este:

Abigail Martinez, mãe de Yaeli, uma jovem de 19 anos, disse que a filha se suicidou depois ter sido influenciada a “mudar de sexo”. Lavada em lágrimas, Martinez contou detalhes da sua batalha contra os activistas, que sempre havia visto como simples professores, mas que influenciaram a sua filha. Ela explicou que Yaeli sempre se vira, comportara e vestira normalmente como uma menina, em perfeita harmonia com o seu sexo biológico. No entanto, na escola, ela sofreu bulliyng, chamavam-lhe feia, de tal forma que entre o 7º e 8º anos começou a demonstrar sinais de depressão. Insatisfeita com a sua imagem, confusa, e mergulhada numa cultura de incentivo ao conceito de “identidade de género”, a adolescente desenvolveu uma crise de identidade e começou a acreditar que podia ser transgénero. Preocupada, a mãe pediu ajuda aos professores e a situação piorou.

Activismo de género na escola

Quando Yaeli passou para o 6º ano, as portas abriram-se e ela começou a ir a reuniões e a outras actividades escolares de “apoio” a jovens supostamente transgéneros. O conselheiro da escola (que, cá, é designado como responsável para jovens manifestarem identidade de género) estava envolvido, o DCFS (Departamento de Serviços para Crianças e Família) estava envolvido, representantes do movimento LGBT também estavam lá, a tentar ‘ajudar’ a menor na transição para ser transgénero, e acusaram a mãe de não querer abrir os olhos, já que – de acordo com os “peritos” – a filha sentia, desde pequena, que era um menino, o que não era verdade, pois ela sempre fora muito feminina e nunca se havia comportado como menino.

De acordo com Roger Severino[4], ex-director de direitos civis do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo do ex-presidente Donald Trump: «Eles criaram um laboratório experimental para essa ideologia transgénero, e a Yaeli foi a primeira vítima».

Retirada à mãe

O caso de Martinez atingiu o cúmulo do absurdo quando ela, uma mãe dedicada e preocupada com a saúde mental da sua filha, perdeu a guarda da filha depois de esta se ter tentado suicidar pela primeira vez. Yaeli foi institucionalizada. Os psicólogos da escola e os representantes da bandeira colorida disseram ao DCFS que a menina estaria melhor longe da mãe e tiraram-na de casa aos 16 anos. A mãe fez tudo para a recuperar. Ia todos os meses ao tribunal, apelou ao juizado de menores para que a filha passasse por novas avaliações psicológicas, mas de nada adiantou, pois as assistentes sociais que acompanhavam o caso disseram que tudo o que a Yaeli precisava – para não voltar a tentar suicidar-se - era de ser tratada como Andrew.

A mãe recordou que pediu ao juizado de menores para que a filha não fosse submetida ao uso de hormonas masculinas, mas que, em vez disso, recebesse ajuda psicológica. Segundo ela, durante uma terapia de grupo Yaeli chegou a dizer que o procedimento hormonal não estava a deixá-la mais feliz.

Disforia de género

O activismo de género não se compadece do facto de que a disforia de género – a confusão de identidade sexual de que algumas pessoas sofrem desde que se conhecem e da qual nunca se arrependem – não tem nada que ver com ter nascido no ‘corpo errado’, mas sim com questões do foro psicológico, que precisam de tratamento médico especializado e não de opiniões/diagnósticos/instrucções de activistas e psicólogos radicalizados no conceito identitário do género.

É claro que Yaeli sofreu bullying por causa da sua aparência e que isso pode ter destruído a sua feminilidade. Confusa, no meio de uma cultura que desperta a confusão sexual e a normaliza, ela pode ter olhado para a “mudança de sexo” como um escape. O caso dela não é diferente de muitos outros casos. Traumas, como abuso sexual, podem levar à confusão sexual uma vez que a mente das vítimas pode interpretar a “mudança de sexo” como um mecanismo de defesa contra novos abusos.

No entanto, a imposição da cultura lgbtqia+ e o activismo ideológico nas escolas, nos desenhos animados, nos filmes infantis, nas séries e nas redes sociais, é o que mais tem influenciado crianças e adolescentes. Há cada vez mais mães a relatar casos de influência ideológica sobre os filhos, nas escolas[5], bem como casos de arrependimento por parte de jovens que foram seduzidos por essa narrativa. A ideologia de género tem causado danos irreversíveis na vida de crianças e adolescentes.

Em casos como o de Yaeli, o apoio de profissionais qualificados – não de activistas ou dos John Money’s da vida[6] – e o acompanhamento dos pais no dia-a-dia da criança, bem como a importância da intimidade familiar, são indispensáveis.

Nas escolas públicas dos Estados Unidos, as políticas identitárias de apoio aos alunos que se identificavam com trans começaram a vigorar no governo de Barak Obama e abriram espaço à imposição e à promoção da ideologia de género.

Por cá, neste cantinho à beira-mar plantado, essas políticas vigoram desde que a geringonça “assaltou” o poder e têm vindo a avançar descontroladamente, como se o mais urgente e maior problema do ensino escolar, neste país desgovernado pelo socialismo, fosse a sexualidade dos filhos dos cidadãos. No meio do imenso caos na educação, com a perda de aprendizagens decorrente da pandemia e das greves dos professores, o aumento da violência no meio escolar[7], as inúmeras greves dos professores e a falta gritante de soluções, a nova esquerda só pensa em avançar com a destruição da identidade sexual natural e aprovar: 1) que os alunos possam usar as casas de banho e os balneários, não de acordo com o seu sexo, mas sim de acordo com aquilo que sentem ser (o tal do género)[8] no momento, 2) que os alunos possam ser tratados pelo nome a escolher NA ESCOLA[9], ou seja: sem que os pais sejam informados de que a sua Maria quer que a tratem por José lá na escola,  o socialismo parece apostado em aproveitar os serviços mínimos que impôs para meter mais súbditos das bandeiras da moda lá dentro e seguir os maus exemplos de países que começam a recuar diante dos trágicos resultados da ideologia; 3) proibir que profissionais de saúde possam aconselhar crianças e adolescentes – que os procuram para esse fim - a aceitar o seu sexo e o seu corpo, mas que afirmem e confirmem qualquer sentimento  e prescrevam medicamentos com efeitos secundários trágicos e irreversíveis.

É HORA DOS PAIS. Os pais precisam acompanhar os filhos e protegê-los da doutrinação ideológica, que se encontra disseminada por todo o lado, e precisam ouvir o apelo da uma mãe, que viveu o maior pesadelo que uma mãe pode viver:

«Quero que todos saibam a verdade, porque isto não precisava acontecer [o suicídio]. Não quero que isso aconteça com nenhuma outra família. Quero que todos saibam a verdade sobre o que aconteceu com a nossa família, porque não precisava ter acontecido. Não consigo explicar essa dor… respiro e dói.»[10]

A autora rejeita o AO90, escrevendo em português correcto.


[1] https://www.publico.pt/2023/04/18/p3/noticia/escolas-vao-responsavel-jovens-manifestarem-identidade-genero-2046478

[3] https://observador.pt/opiniao/noruega-da-mais-um-golpe-no-activismo-transgenero/

[4] https://justthenews.com/politics-policy/education/experimental-lab-transgender-ideology-feds-accused-complicity-students

[5] https://www.bertrand.pt/livro/irreversible-damage-abigail-shrier/23983636

[6] https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2010/11/documentario-conta-drama-de-gemeo-criado-como-menina-apos-perder-penis.html

[7] https://observador.pt/2022/10/20/ordem-dos-psicologos-reforca-informacao-sobre-bullying-em-novo-documento/

[8] https://www.jn.pt/nacional/alunos-vao-escolher-casa-de-banho-em-funcao-do-genero-15212281.html

[9] https://observador.pt/2022/10/10/identidade-de-genero-criancas-vao-poder-ser-tratadas-pelo-nome-que-escolherem-nas-escolas/

[10] https://www.heritage.org/gender/event/protecting-our-children-how-radical-gender-ideology-taking-over-public-schools-harming

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