Exposição: O CAM entra nos ‘entas’

Tiro de partida das celebrações dos 40 anos do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian foi dado por exposição que revisita a história da coleção.

Uma semana depois de ter assinalado com uma exposição e dois concertos (a 6 de junho haverá lugar a um colóquio) o centenário do nascimento de Madalena de Azeredo Perdigão (1923-1989), diretora do Serviço de Música e do ACARTE – Serviço de Animação, Criação Artística e Educação pela Arte, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, apresentou ontem a programação dos 40 anos do Centro de Arte Moderna, que outrora integrava na sua designação o nome de José de Azeredo Perdigão (1896-1993), advogado do magnata arménio e primeiro presidente da fundação.

O tiro de partida das comemorações foi dado com a inauguração de Histórias de uma Coleção. Arte Moderna e Contemporânea do CAM, na galeria principal, mas com ramificações por outros espaços da sede, museu e jardins. Patente até 18 de setembro, e com curadoria de Ana Vasconcelos, Leonor Nazaré, Patrícia Rosas e Rita Fabiana, a exposição propõe-se mostrar o papel decisivo que esta instituição tem assumido no apoio aos artistas e à criação e na própria escrita da história da arte portuguesa.

Segundo o diretor do CAM, o francês Benjamin Weil, «a exposição apresenta uma multiplicidade de histórias motivadas por afinidades e interesses, ao mesmo tempo que – como acontece sempre – reflete o estado da arte nesses momentos específicos, desafiando qualquer noção de história da arte».

Entre os artistas representados contam-se (por ordem alfabética) Amadeo de Souza-Cardoso, Ana Jotta, David Hockney, Helena Almeida (na foto), Joana Vasconcelos, José de Almada Negreiros, Malangatana, Maria Helena Vieira da Silva, Paula Rego e Rui Chafes.

O primeiro núcleo – ‘O Início: 1958-1978’ – evoca como se foi constituindo a coleção de arte moderna e contemporânea, com as primeiras aquisições em 1958 e depois com os contributos de bolseiros. O segundo – ‘É Indispensável Inaugurá-lo: 1979-1989’ – conta como o CAM veio preencher um vazio impossível de ignorar na cultura e na sociedade portuguesas. O terceiro – ‘Depois das Belas-Artes: 1990-2005’ – incide sobre o consulado de Jorge Molder, entre 1994 e 2005, período em que, sublinha a nota de imprensa, este diretor «programou exposições e realizou compras para a melhor e mais significativa coleção de arte portuguesa do século XX e XXI». O quarto e último núcleo – ‘Permanente e Temporárias: 2006-2020’ – fala sobre a última fase deste equipamento, primeiro sob a direção de Isabel Carlos, e depois sob Penelope Curtis, altura em que se deixou cair a designação e passou a ser gerido juntamente com o museu.

O CAM, recuperado o nome a autonomia (embora pelo meio tenha caído a referência a José de Azeredo Perdigão) encontra-se atualmente encerrado, por força de uma intervenção profunda assinada pelo arquiteto japonês Kengo Kuma. Está previsto reabrir portas, totalmente renovado, no primeiro semestre de 2024.