A encenação do Presidente da República

O Presidente da República optou por apadrinhar um decreto peregrino e completamente injusto que mais não é do que uma via verde para a instabilidade profissional e pessoal dos docentes contratados há vários anos (vítimas de uma carreira precária) com uma média de idades de 47 anos.

por Fernando Camelo de Almeida

O Presidente da República que na semana passada passou um raspanete ao Governo e prometeu aos Portugueses passar a estar ainda mais atento e vigilante sobre a acção do Governo, é exactamente o mesmo Presidente da República que hoje promulgou um decreto sobre o concurso dos Professores, mesmo apesar do Governo não aceitar as suas sugestões, mais uma vez cedeu a Costa. Afinal, a sua apregoada atenção e vigilância à acção do Governo, também não passam de uma falácia semelhante ao decreto em causa.

Esta posição do Presidente da República é ainda mais incompreensível e reprovável, porque sendo ele Professor, não foi minimamente sensível ao que estava em causa, pelo contrário, ignorou os milhares de docentes que lhe escreveram e se foram manifestando em todo o País.

O Presidente da República optou por apadrinhar um decreto peregrino e completamente injusto que mais não é do que uma via verde para a instabilidade profissional e pessoal dos docentes contratados há vários anos (vítimas de uma carreira precária) com uma média de idades de 47 anos.

O Sr. Presidente da República refere que adiar ou recusar esta promulgação representaria adiar as expectativas de cerca de 8 mil Professores, nada mais falso, nada mais descabido e contraditório, porque esta medida apenas interessa a ZERO Professores e defrauda completamente as expectativas de muito mais que 8 mil docentes. Por fim, ainda diz que espera que no próximo ano lectivo seja menos acidentado, ora quem for ingénuo ainda pode depreender que o Presidente promulgou o diploma sem o ler.

A profissão de Professor, actualmente, não é minimamente atrativa pois proporciona baixos salários, precaridade e instabilidade ao longo de muitos anos, apesar da enorme exigência da profissão. A falta de Docentes, não parece preocupar minimamente o Governo e o Presidente da República, pois continuam a optar por incentivar os jovens a escolher um percurso profissional menos exigente e até mais rentável, como é exemplo a carreira da subsidiodependência que tem sido mais valorizada.

Que esperança podemos ter nos nossos responsáveis políticos que a cada dia que passa nos surpreendem mais pela negativa?

Que esperança podem ter os jovens no futuro?

Que esperança e motivação podem ter os milhares de docentes que têm como missão preparar os nossos jovens para a vida?

Que esperança podemos ter num País sem boa Educação?

O Presidente da República, após a sua surpreendente decisão, vai ficar para a história como coautor do “assassinato” da Escola Pública. Os Professores, os Alunos, os Encarregados de Educação e o País não mereciam isto.