Guerra do Sudão provoca mais de um milhão de deslocados internos

Os mediadores e supervisores do período de tréguas no Sudão, a  Arábia Saudita e os Estados Unidos, alertaram para o facto de terem acontecido “violações” do acordo de cessar-fogo entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF).

Guerra do Sudão provoca mais de um milhão de deslocados internos

Os deslocados internos no Sudão já ultrapassam mais de um milhão de pessoas, anunciou, esta quarta-feira, a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Outras 319.000 pessoas fugiram para os países vizinhos, numa altura em que o Egito, o primeiro destino, já registou mais de 132 mil chegadas, seguido pelo Chade, com 80 mil.

Os mediadores e supervisores do período de tréguas no Sudão, a  Arábia Saudita e os Estados Unidos, alertaram para o facto de terem acontecido "violações" do acordo de cessar-fogo entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF). O objetivo destas tréguas era abrir caminho à chegada de ajuda humanitária urgente, após cinco semanas de combates.

Apesar de no primeiro dia de tréguas, registado na segunda-feira, tenham sido registado "menos combates em Cartum", a capital do Sudão, "houve violações do cessar-fogo de sete dias", pode ler-se num comunicado conjunto dos dois países, divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores saudita.

 "A Arábia Saudita e os Estados Unidos constataram que as duas partes também não cumpriram evitar ganhos militares durante as 48 horas que antecederam a entrada em vigor do cessar-fogo", alcançado após três semanas de negociações indiretas na cidade saudita de Jeddah, informa o comunidao.

"Embora tenha havido menos combates em Cartum, [os mediadores] informaram as partes de que foram cometidas violações, incluindo operações de ataque [na cidade de] Al Obaied [oeste], bem como ataques aéreos e utilização de armas", acrescentou o documento divulgado ao início da noite desta terça-feira.

O violento conflito no Sudão coloca o exército do general Abdel Fattah al-Burhan, o líder de facto do Sudão, e o seu adjunto e opositor, o general Mohamed Hamdane Daglo, que comanda as forças paramilitares de apoio rápido.

Estes combates foram despoletados devido ao fracasso das negociações para a integração dos paramilitares nas forças armadas, no âmbito de um processo de transição política no Sudão.